VISITA DE BENTO XVI NO SITE DO PATRIARCADO DE CONSTANTINOPLA
Istambul, 23 nov (RV) - O Patriarcado Ecumênico Ortodoxo de Constantinopla
lançou o site www.patriarchate.org para possibilitar o acompanhamento da visita
do papa Bento XVI à sua sede que se encontra em Istambul, na Turquia. O site oferece
ampla documentação sobre a história do Patriarcado Ecumênico, assim como sobre o atual
ministério do patriarca.
O Patriarcado Ecumênico é o "primeiro entre iguais"
nas Igrejas ortodoxas que cumpre a função de representá-las e promover o diálogo interno
e externo. Por este motivo, este Patriarcado é considerado o centro espiritual dos
cristãos ortodoxos, que são cerca de 300 milhões em todo o mundo.
O título
de Patriarcado Ecumênico data do século VI. No ano de 330 o Imperador Constantino
havia transferido a capital imperial à pequena cidade de Bizâncio, que logo tomou
o nome de Constantinopla. Era considerada a "Nova Roma".
Por causa de sua importância
política e histórica, a cidade adquiriu rapidamente proeminência política e eclesiástica
e todos os grandes Concílios (sete) da primitiva Igreja se celebraram ou em Constantinopla
ou perto dela.
Quanto à ordem entre os patriarcados ortodoxos, os mais antigos,
segundo uma ordem estabelecida no século V, são Constantinopla, Alexandria, Antioquia
e Jerusalém.
No século XVI, o Patriarca Ecumênico elevou a Igreja de Moscou
ao status de Patriarcado, como havia ocorrido antes com a Igreja da Sérvia, no século
XIV, e depois com as Igrejas da Romênia, no século XIX, e Bulgária, no XX.
O
patriarca serve como ponto de referência e porta-voz da unidade da Igreja ortodoxa,
convocando concílios interortodoxos, assim como diálogos intereclesiais e interconfessionais.
Entre
suas prioridades pastorais, segundo explica o site, o patriarca ecumênico Bartolomeu
I tem proporcionado apoio aos países que estiveram longo tempo sob opressão. Visitou
países muçulmanos que anteriormente nunca haviam sido visitados por líderes cristãos
de Igrejas, advogando pela tolerância religiosa. Ademais, impulsiona iniciativas pioneiras
na preservação do meio ambiente, razão pela qual ganhou o título de "Patriarca Verde".
Bartolomeu
I, de 66 anos, foi eleito Patriarca Ecumênico em outubro de 1991 e é o 270º arcebispo
da sede histórica de Constantinopla, cujo nome atual é Istambul.
A última visita
de um papa ao Patriarca foi a de João Paulo II, que, um ano depois de sua eleição
como papa, em 1979, visitou o então patriarca Demetrios. A visita impulsionou o caminho
do diálogo teológico oficial entre ortodoxos e católicos, inaugurado em 1980. Antes
desta visita, o papa Paulo VI tinha visitado o patriarca Atenágoras em 1967.
A
última vez que o Patriarca Ecumênico visitou o papa foi em novembro de 2004, quando
Bartolomeu I viajou a Roma e o papa João Paulo II devolveu à Igreja Ortodoxa as relíquias
de São Gregório o Teólogo e São João Crisóstomo, ambos seus antecessores no arcebispado
de Constantinopla. Também participou do funeral de João Paulo II em 2005.
Geograficamente,
a principal área de distribuição do Patriarcado se situa ao longo da costa noroeste
mediterrânea, no leste e norte da Europa, assim como no Oriente Médio. Entretanto,
a jurisdição do Patriarcado Ecumênico alcança o mundo todo.
Sobre a relação
com a Igreja católica, o Patriarcado Ecumênico explica que, desde a época do patriarca
ecumênico Atenágoras e de Paulo VI, as duas Igrejas assumiram um "diálogo de amor",
que se ampliou a um "diálogo de verdade" desde 1980. Hoje, o diálogo internacional
teológico discute áreas de acordo e divisão.
Sobre a origem da divisão entre
as duas Igrejas, o Patriarcado recorda que a mesma se deu em 1054, conhecida como
"o grande cisma", e "foi o resultado de um gradual distanciamento durante séculos
por razões culturais, políticas e teológicas".
A respeito do doloroso ano de
1204, o Patriarcado recorda que a Quarta Cruzada saqueou Constantinopla "deixando
cicatrizes indeléveis na memória dos cristãos orientais em relação à Igreja ocidental",
embora recorde também que "num gesto gratuito de amor, o anterior papa João Paulo
II pediu formalmente perdão por este saque". (JK)