2006-11-23 14:46:54

A 40 anos da primeira histórica visita de um Primaz Anglicano ao Papa desde os tempos da Reforma – entre o Arcebispo Michael Ramsey e Paulo VI - o actual Primaz da Comunhão Anglicana, arcebispo Rowan Williams teve nesta quinta-feira de manhã um encontro com Bento XVI


( 23/11/2006 -RV) O Primaz da Comunhão Anglicana e Arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, começou nesta quarta feira a sua primeira visita oficial ao Papa Bento XVI, que decorrerá até ao próximo dia 26 de Novembro, naquilo que se interpreta como uma tentativa de reforçar os laços entre anglicanos e católicos.
A viagem de Rowan Williams ao Vaticano é particularmente simbólica porque acontece 40 anos após uma reunião histórica entre o seu predecessor como Primaz anglicano, o Arcebispo Michael Ramsey, e o Papa Paulo VI (22-24 de Março de 1966).
Um comunicado do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos explica que a visita pretende “exprimir a importância que a Comunhão Anglicana atribui às relações com a Igreja Católica e ao diálogo teológico.
O encontro privado entre o Arcebispo da Cantuária e Bento XVI teve lugar na manhã, desta quinta feira .
Na Declaração Comum publicada nesta ocasião, dá-se graças a Deus pelos “dons de graça” que têm acompanhado estas quatro décadas de diálogo. Referidos também os “actuais sérios obstáculos ao progresso ecuménico” constituídos por “alguns novos desenvolvimentos” em questões “eclesiológicas e éticas”.


“Em todo o caso – declaram solenemente Bento XVI e o Primaz Williams – é urgente que, renovando o nosso empenho em prosseguir o caminho em direcção à plena comunhão visível na verdade e no amor de Cristo, nos comprometamos também em diálogo persistente para enfrentar os desafios contidos nos factores eclesiólogicos e éticos que tornam mais difícil e árdua a nossa caminhada”.
“Como líderes cristãos perante os desafios do novo milénio, afirmamos de novo a nossa adesão pública à revelação da vida divina estabelecida por Deus unicamente na divindade e humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós acreditamos que é através de Cristo e dos meios de salvação n’Ele assentes que se oferecem a nós e ao mundo remédio e reconciliação”.

Entre os “sectores de testemunho e de serviço” a manter e incrementar no empenho conjunto, a Declaração refere expressamente: “a busca da paz na Terra Santa e noutras partes do mundo dilaceradas por conflitos e pela ameaça do terrorismo; a promoção do respeito pela vida desde a concepção até à morte natural; a protecção da santidade do matrimónio e do bem-estar dos filhos no contexto de uma vida familiar saudável; empenho concreto a favor dos pobres, dos oprimidos e dos mais vulneráveis, especialmente os que são perseguidos pela sua fé; atenção aos efeitos negativos do materialismo; e preocupação pela criação e pelo meio ambiente. Empenhamo-nos também no diálogo inter-religioso para nos encontrarmos conjuntamente com os nossos irmãos e irmãs não-cristãos” – acrescenta ainda a Declaração conjunta, que conclui com as seguintes palavras:
“Confortados pela esperança apostólica de que aquele que começou este bom trabalho em vós, o levará até ao fim (como escreve São Paulo aos Filipenses), nós acreditamos poder ser conjuntamente instrumentos de Deus para chamar todos os cristãos a uma mais profunda obediência ao nosso Senhor, que também nos aproximará mais e mais uns aos outros, encontrando na sua vontade a plenitude da unidade e a vida comum a que Ele nos convida”.


No discurso pronunciado pelo Santo Padre, no final do encontro com o Primaz da Comunhão Anglicana, Bento XVI congratulou-se com o caminho percorrido ao longo destes últimos quarenta anos, nas relações entre a Sede de Roma e a de Cantuária. Contudo, reconheceu o Papa abertamente, nos últimos anos, têm surgido sérias dificuldades neste caminho em direcção à plena comunhão, dadas “as correntes” que têm afectado a Comunhão Anglicana, também (admitiu) em razão de “muitas influências e pressões negativas que afectam, no actual contexto, os cristãos e as comunidades cristãs”, “especialmente no mundo ocidental secularizado”.
“Recentes desenvolvimento, especialmente no que diz respeito ao ministério ordenado e a certos ensinamentos morais, têm afectado não só as relações internas no seio da Comunhão Anglicana mas também as relações desta com a Igreja Católica.
Nós acreditamos que estas questões, que são actualmente objecto de debate no interior da Comunhão Anglicana, são de vital importância para a proclamação do Evangelho na sua integridade, e que as vossas actuais discussões modelarão o futuro das nossas relações… Nestas deliberações, acompanhamo-vos com oração cordial.
É nossa fervorosa esperança que a Comunhão Anglicana permanecerá ancorada nos Evangelhos e na Tradição Apostólica que formam o nosso património comum e que são a base da nossa aspiração comum a actuar pela plena unidade visível”.
Após a audiência, o Arcebispo de Cantuária e Bento XVI deslocaram -se à capela Redemptoris Mater, do Palácio Apostólico, para a recitação da Hora Média da Liturgia das Horas.










All the contents on this site are copyrighted ©.