FALTA APENAS UMA SEMANA PARA A CRÍTICA VIAGEM DO PAPA À TURQUIA
Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) - Exatamente dentro de uma semana, na próxima
terça-feira, dia 28 deste mês, Bento XVI partirá para a Turquia. Será a sua quinta
viagem apostólica internacional. As dimensões mais significativas dessa viagem são
três, segundo escreve o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, arcebispo Piero
Marini na apresentação do Missal:
(1) A dimensão pastoral, ou seja, o encontro
do Papa com a pequena minoria católica para confirmá-la na fé num momento em que estão
surgindo "formas de intolerância religiosa"; (2) a dimensão ecumênica, isto é, o abraço
ao Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, para renovar a prioridade do ecumenismo;
e por fim, (3) a dimensão inter-religiosa que se dá no diálogo "pela superação das
contraposições que ao longo dos séculos contrapuseram entre si judeus, cristãos e
muçulmanos". Em seguida, o arcebispo Marini ressalta as raízes bíblicas da Turquia.
Dom
Piero Marini recorda que daquela terra teve início a grande viagem da fé: Abraão deixa
Harã, um sítio arqueológico no sul da atual Turquia, "em espírito de total dependência
de Deus, confiando-se unicamente na palavra a ele revelada": e "partiu sem saber para
onde ia". Em Harã Abraão habitou quando saiu de Ur, antes de ir para a Terra Prometida
(Canaã).
O arcebispo recorda que a Ásia Menor, correspondente mais ou menos
à atual Turquia, foi a primeira terra de missão da comunidade cristã. Tendo partido
de Jerusalém, São Barnabé chega a Tarso, na Silícia, tomando consigo Paulo para fundar
a primeira Igreja dessa região em Antioquia: ali pela primeira vez os discípulos de
Jesus foram chamados "cristãos". São Paulo é o grande evangelizador daquelas terra.
Também Pedro, André e João levam o Evangelho àqueles lugares.
Em Éfeso, segundo
a tradição, Maria viveu os últimos anos de sua vida na companhia de João evangelista,
e foi ali que, sempre segundo uma antiga tradição, ela foi assunta ao céu.
Os
Atos dos Apóstolos, a primeira carta de Pedro, as cartas de Paulo aos Efésios, aos
Colossenses, aos Gálatas e a Timóteo, e a carta às sete Igrejas da Ásia _ relatadas
no Apocalipse de João _ descrevem a fascinante, mas difícil, vida daquelas primeiras
comunidades cristãs fora da Terra Santa: devem resistir em meio a cultos pagãos, a
múltiplas e graves acusações e em meio às primeiras heresias que já se infiltram na
Igreja nascente.
"Todos aqueles que querem viver plenamente em Cristo Jesus
serão perseguidos" _ escreve Paulo a Timóteo, que vive em Éfeso _, "tu porém _ acrescenta
_ permanece firme" e "anuncia a palavra, insiste em toda ocasião, quer agrade, quer
desagrade". Paulo usa comumente o termo "parresia", que significa "falar com franqueza",
com a corajosa liberdade própria dos filhos de Deus, porque a verdade deve ser dita
ao próximo e mesmo quando estiver preso _ como lhe acontece muitas vezes _, "a palavra
de Deus não está presa".
Paulo já não tem medo, desde quando Jesus lhe revolucionou
a vida na estrada de Damasco: "Fui crucificado com Cristo _ escreve aos Gálatas _
e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".
Também Pedro encoraja
os fiéis "dispersos" naquelas terras, aflitos por causa das perseguições, calúnias,
insultos, injustiças. Exorta-os a se comportarem "como homens livres" e com uma conduta
"irrepreensível" diante dos pagãos, sem "responder ao mal com o mal". Recomenda-lhes
estarem "sempre prontos a dar razão da esperança a quem dela pedir conta" _ escreve
Pedro _, todavia isso deve ser feito com "doçura e respeito, com retidão de consciência".
(RL)