2006-11-22 12:07:07

FALTA APENAS UMA SEMANA PARA A CRÍTICA VIAGEM DO PAPA À TURQUIA


Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) - Exatamente dentro de uma semana, na próxima terça-feira, dia 28 deste mês, Bento XVI partirá para a Turquia. Será a sua quinta viagem apostólica internacional. As dimensões mais significativas dessa viagem são três, segundo escreve o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, arcebispo Piero Marini na apresentação do Missal:

(1) A dimensão pastoral, ou seja, o encontro do Papa com a pequena minoria católica para confirmá-la na fé num momento em que estão surgindo "formas de intolerância religiosa"; (2) a dimensão ecumênica, isto é, o abraço ao Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, para renovar a prioridade do ecumenismo; e por fim, (3) a dimensão inter-religiosa que se dá no diálogo "pela superação das contraposições que ao longo dos séculos contrapuseram entre si judeus, cristãos e muçulmanos". Em seguida, o arcebispo Marini ressalta as raízes bíblicas da Turquia.

Dom Piero Marini recorda que daquela terra teve início a grande viagem da fé: Abraão deixa Harã, um sítio arqueológico no sul da atual Turquia, "em espírito de total dependência de Deus, confiando-se unicamente na palavra a ele revelada": e "partiu sem saber para onde ia". Em Harã Abraão habitou quando saiu de Ur, antes de ir para a Terra Prometida (Canaã).

O arcebispo recorda que a Ásia Menor, correspondente mais ou menos à atual Turquia, foi a primeira terra de missão da comunidade cristã. Tendo partido de Jerusalém, São Barnabé chega a Tarso, na Silícia, tomando consigo Paulo para fundar a primeira Igreja dessa região em Antioquia: ali pela primeira vez os discípulos de Jesus foram chamados "cristãos". São Paulo é o grande evangelizador daquelas terra. Também Pedro, André e João levam o Evangelho àqueles lugares.

Em Éfeso, segundo a tradição, Maria viveu os últimos anos de sua vida na companhia de João evangelista, e foi ali que, sempre segundo uma antiga tradição, ela foi assunta ao céu.

Os Atos dos Apóstolos, a primeira carta de Pedro, as cartas de Paulo aos Efésios, aos Colossenses, aos Gálatas e a Timóteo, e a carta às sete Igrejas da Ásia _ relatadas no Apocalipse de João _ descrevem a fascinante, mas difícil, vida daquelas primeiras comunidades cristãs fora da Terra Santa: devem resistir em meio a cultos pagãos, a múltiplas e graves acusações e em meio às primeiras heresias que já se infiltram na Igreja nascente.

"Todos aqueles que querem viver plenamente em Cristo Jesus serão perseguidos" _ escreve Paulo a Timóteo, que vive em Éfeso _, "tu porém _ acrescenta _ permanece firme" e "anuncia a palavra, insiste em toda ocasião, quer agrade, quer desagrade". Paulo usa comumente o termo "parresia", que significa "falar com franqueza", com a corajosa liberdade própria dos filhos de Deus, porque a verdade deve ser dita ao próximo e mesmo quando estiver preso _ como lhe acontece muitas vezes _, "a palavra de Deus não está presa".

Paulo já não tem medo, desde quando Jesus lhe revolucionou a vida na estrada de Damasco: "Fui crucificado com Cristo _ escreve aos Gálatas _ e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".

Também Pedro encoraja os fiéis "dispersos" naquelas terras, aflitos por causa das perseguições, calúnias, insultos, injustiças. Exorta-os a se comportarem "como homens livres" e com uma conduta "irrepreensível" diante dos pagãos, sem "responder ao mal com o mal". Recomenda-lhes estarem "sempre prontos a dar razão da esperança a quem dela pedir conta" _ escreve Pedro _, todavia isso deve ser feito com "doçura e respeito, com retidão de consciência". (RL)








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