AMANHÃ, DIA DA VIDA RELIGIOSA DE CLAUSURA: O PAPA FALOU SOBRE OS MOSTEIROS DE VIDA
CONTEMPLATIVA
Cidade do Vaticano, 20 nov (RV) - Os mosteiros de vida contemplativa, "aparentemente
inúteis (…) fazem bem a todos, também (…) àqueles que ignoram a sua existência", e
"são como oásis, onde o homem (…) pode ir melhor às fontes do Espírito e matar a sede
ao longo do caminho" de uma vida muitas vezes de grande agitação.
Foi esta
a mensagem do Papa no Angelus deste domingo, recordando que nesta terça-feira, 21
de novembro, na comemoração litúrgica da Apresentação de Nossa Senhora, a Igreja celebra
também o Dia da vida de clausura. Mas o que responder a quem considera "inútil" a
dimensão contemplativa?
Numa entrevista concedida à Rádio Vaticano, a irmã
Giovanna Zoletto, do Mosteiro das Clarissas, em Veneza, nos ajuda a entender esta
dimensão da vida cristã: "É como se faltassem as raízes para uma árvore. As raízes
estão escondidas, mas são elas que dão alimento à planta para que se desenvolva, para
que manifeste a beleza da criação. Tudo parte das raízes que estão sob a terra, não
se vêem, porém, dali vem a linfa vital que dá vida."
Interrogada sobre como
uma monja de clausura vive o seu dia-a-dia, irmã Giovanna, explica: "O nosso dia-a-dia
se alterna entre oração, trabalho e vida fraterna. Agradecemos ao Senhor por todos
os benefícios de cada dia. Elevamos a ele as súplicas que nos são feitas pelos irmãos
que pedem a ajuda de nossa oração. Esse é um agradecimento ao Senhor por todos os
benefícios que nos dá."
Irmã Giovanna Zoletto fala também sobre o significado
do silêncio, tão característico da vida monástica: "O silêncio é, acima de tudo, uma
busca de intimidade com o Senhor, um momento de deserto no qual a alma se coloca diante
do Senhor, seu Criador. Assim brota, então, espontaneamente, o louvor, porque esquecendo
de nós mesmos e olhando para o Senhor vemos tão somente que ele é amor e que a nossa
vida vai às fontes verdadeiras da vida e do amor."
Bento XVI ressaltou muitas
vezes a necessidade de cuidar da vida interior em meio a tanto ativismo que pode nos
levar ao vazio. Irmã Giovanna nos explica como rezar apesar do barulho e do estresse
diário. "Precisamos criar esses espaços nos quais nos colocamos em diálogo com o Senhor
e pedimos sua ajuda, porque, como diz Jesus: 'sozinhos nada podeis, peçais, portanto,
o dom do Espírito'. Então, quanto mais entramos nesse espaço, mais sentimos a necessidade.
É como quando uma pessoa tem fome e busca o alimento; quando uma pessoa se encontra
realmente em meio ao barulho deve buscar, como no caso da fome, essa necessidade de
estar em silêncio, mesmo que seja por cinco minutos diários. Depois disso, será então
mais fácil dedicar dez minutos; pouco a pouco isso irá se tornando bem natural." (RL)