2006-11-20 19:22:46

BENTO XVI AO PRESIDENTE ITALIANO: A LIBERDADE RELIGIOSA NÃO PREJUDICA OS INTERESSES DO ESTADO


Cidade do Vaticano, 20 nov (RV) - Bento XVI iniciou as suas atividades de hoje recebendo em audiência, esta manhã, o Presidente italiano, Giorgio Napolitano. Foi um encontro para renovar a ligação particular que une a Itália ao Sucessor de Pedro. De fato, foi com este espírito que se realizou esta manhã, no Vaticano, a visita do Presidente da República ao Papa.

O chefe do Estado, acompanhado pela esposa Clio e pela comitiva, encontrou também o cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Bento XVI reiterou que a liberdade religiosa não prejudica os interesses do Estado, e pediu paridade de direitos para os fiéis leigos que se empenham pelo bem da sociedade.

Por sua vez, Napolitano manifestou apreço pela dimensão social e pública do fato religioso. Depois, ambos reafirmaram a importância da colaboração entre Igreja e Estado para promover o bem integral da pessoa.

A visita ao Palácio Apostólico, com duração de duas horas, teve como momentos culminantes o colóquio privado, de aproximadamente 25 minutos, e, sobretudo, os discursos do Papa e do chefe do Estado italiano, pela primeira vez no Vaticano desde a sua eleição à presidência da República, dia 10 de maio passado.

O Pontífice reiterou a sua gratidão ao povo italiano, que _ disse ele _ com "calor e entusiasmo" o acompanha desde o início de sua missão de Sucessor de Pedro. Foram palavras acompanhadas de um significativo auspício dirigido à nação italiano: "Que a nação italiana saiba progredir no caminho do progresso autêntico e possa oferecer à comunidade internacional a sua preciosa contribuição, promovendo sempre aqueles valores humanos e cristãos que fortalecem a sua história, a sua cultura, o seu patrimônio intelectual, jurídico e artístico, que servem de base para a existência e o compromisso de seus cidadãos."

Neste esforço _ assegurou o Papa _, "não faltará, certamente, a leal e generosa contribuição dada pela Igreja católica, através do ensinamento de seus bispos", com os quais em breve se encontrará em visita 'ad limina'.

Citando a 'Gaudium et spes' (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II), Bento XVI ressaltou que a comunidade política e a Igreja, embora "independentes e autônomas uma da outra em seu próprio campo", estão a serviço "da vocação pessoal e social das mesmas pessoas humanas".

O santo Padre falou, então, da importância de uma sadia colaboração entre Estado e Igreja: "Embora plenamente distintos, são ambos chamados, segundo a sua respectiva missão e com os próprios fins e meios, a servir o homem, que é ao mesmo tempo destinatário da missão salvífica da Igreja e cidadão do Estado. É no homem que estas duas sociedades se encontram e colaboram para melhor promover o seu bem integral."

Esta impostação _ prosseguiu _ inspirou também o Acordo que traz modificações à Concordata Lateranense. A seguir, Bento XVI ressaltou a dimensão religiosa da pessoa, a qual, segundo os ensinamentos do Concílio Vaticano II, deve ser respeitada e promovida pela autoridade humana. Por outro lado _ fez notar o Papa _, não se pode considerar garantido esse direito simplesmente "quando não se faz violência ou não se intervém sobre as convicções pessoais". A liberdade religiosa _ foi a sua observação _ "é um direito não somente do indivíduo, mas também da família, dos grupos religiosos e da própria Igreja". Portanto _ precisou ainda o Santo Padre _ o poder civil deve criar "condições propícias para o desenvolvimento da vida religiosa", no interesse da própria sociedade.

"A liberdade, que a Igreja e os cristãos reivindicam, não prejudica os interesses do Estado ou de outros grupos sociais e não busca uma supremacia de autoridade sobre eles, mas é, sobretudo a condição para que, como disse durante o recente Congresso Eclesial Italiano realizado em Verona _ frisou o Pontífice _ , se realize aquele precioso serviço que a Igreja oferece à Itália e a todo país onde ela está presente."

Este serviço à sociedade _ confirmou ele _ se expressa em relação ao campo civil e político, vez que a Igreja, embora não tendo a intenção de ser um agente político, tem, todavia, um "interesse profundo pelo bem da comunidade política".

Em seguida, Bento XVI ressaltou o papel dos fiéis leigos: "Essa contribuição específica é dada principalmente pelos fiéis leigos, que, agindo com plena responsabilidade e fazendo uso do direito de participação na vida pública à qual todos os cidadãos têm igual direito, se comprometem com outros membros da sociedade a 'construir uma justa ordem na sociedade'."

O Presidente Giorgio Napolitano conclui sua visita ao Vaticano, descendo à Basílica de São Pedro, onde o chefe do Estado italiano se deteve durante alguns minutos diante do túmulo do Apóstolo Pedro. Antes de despedir-se, o cortejo presidencial escutou o Hino pontifício entoado pela Banda musical pontifícia, no patamar da Basílica Vaticana. (RL)








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