BENTO XVI: O ECUMENISMO DO AMOR ILUMINA O DIÁLOGO DA VERDADE
Cidade do Vaticano, 17 nov (RV) - Ao longo destes quarenta anos, após o Concílio
Vaticano II, o dialogo ecumênico deu muitíssimos passos avante em nível teológico
e espiritual. Embora ainda tenha muito a ser feito, o que agora deve ser promovido
entre as várias confissões cristãs é "o ecumenismo do amor" que leve a um confronto
baseado na verdade da fé. Eis um dos conceitos centrais do discurso que, esta manhã,
Bento XVI dirigiu à plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos
Cristãos, que está debatendo o tema "A situação ecumênica em transformação".
Para
que o diálogo com os cristãos de outras confissões se realize "na verdade", tal confronto
precisa de um elemento insubstituível, "a caridade". A segunda ilumina a primeira,
pois cria confiança, reforça a fé nos valores comuns, distancia o risco de uma paz
superficial que a todo custo tenta distorcer o espírito ecumênico ao invés de torná-lo
autêntico.
É bem realista a avaliação feita por Bento XVI faz do estado atual
do ecumenismo, olhando as luzes e as sombras: "Na realidade, do Concílio Vaticano
II até hoje muitos passos foram dados rumo à plena comunhão. Tenho diante dos olhos
a imagem da Sala do Concílio, onde os observadores delegados de outras Igrejas e Comunidades
eclesiais estavam atentos, mas silenciosos. Essa imagem deu lugar nas décadas que
se seguiram à realidade de uma Igreja em diálogo com todas as Igrejas e comunidades
eclesiais do Oriente e do Ocidente. O silêncio transformou-se em palavra de comunhão
(…). A fraternidade entre todos os cristãos foi redescoberta e restabelecida como
condição de diálogo, de cooperação, de oração comum, de solidariedade."
Diante
dos membros da plenária, Bento XVI repetiu uma das declarações que um ano e meio atrás
marcou o início de seu pontificado. "A minha intenção" _ reafirmou _ é a mesma do
Concílio: alcançar "a unidade visível da Igreja". Todavia, esse é um caminho ao longo
do qual há muito a ser percorrido _ observou o Santo Padre _, sobretudo num mundo
que com as suas "rápidas transformações" condiciona de certo modo também o âmbito
ecumênico.
As Igrejas do Oriente _ observou o pontífice _ "recuperaram a liberdade
e estão empenhadas num processo de reorganização e de revitalização. Fazemo-nos próximos
a elas com os nossos sentimentos e a nossa oração. As partes Oeste e Leste da Europa
estão se reaproximando: isso estimula as Igrejas a coordenar os seus esforços para
a salvaguarda da tradição cristã e para o anúncio do Evangelho às novas gerações".
Bento
XVI usou palavras de grande apreço ao "novo impulso" verificado no diálogo teológico
entre católicos e ortodoxos, retomado em setembro, na Sérvia, após uma longa estagnação.
"Também a minha iminente visita à Sua Santidade Bartolomeu I e ao Patriarcado ecumênico
_ disse o Papa referindo-se à sua próxima viagem à Turquia _ será um sinal ulterior
de consideração pelas Igrejas ortodoxas, e agirá como estímulo _ assim esperamos _
para apressar o passo rumo ao restabelecimento da plena comunhão."
Também no
que diz respeito às Igrejas no Ocidente, o Santo Padre definiu como "abertos e amistosos"
os diálogos bilaterais em curso especialmente com as Igrejas luterana e metodista.
Com os primeiros, o Papa mencionou o histórico acordo de 1999, relativo à "Declaração
conjunta sobre a doutrina da justificação", que posteriormente obteve a adesão também
dos metodistas. (RL)