Königtein, 15 nov (RV) - A Fundação "Ajuda à Igreja que Sofre" publicou hoje
o relatório "Turquia, entre a Europa e o Oriente - Cristianismo silenciado".
No
início do século XX mais de 30 % dos turcos professava a religião cristã. Hoje, num
país onde nasceram as primeiras comunidades cristãs, os fiéis católicos, ortodoxos
e protestantes, numa população com 63 milhões de habitantes, são pouco mais de 200
mil e não chegam a representar sequer 1% da população.
Nos últimos 16 meses,
97 cidadãos turcos compareceram ao tribunal para responder a alegadas violações do
artigo 301 do Código Penal turco que restringe a liberdade de expressão.
A
União Européia (UE) voltou a pedir recentemente ao Governo turco que revisasse ou
retirasse este artigo. Após o pedido de adesão da Turquia à UE, a Comissão Européia
colocou várias condições prévias ao Governo de Ancara, capital do país, entre as quais
o reconhecimento da liberdade de religião e a necessidade de alterações legislativas
que não sejam discriminatórias para as minorias religiosas não muçulmanas.
O
clima de intolerância para com os cristãos se agravou desde 2005, sobretudo após a
publicação, por parte dos meios de comunicação ocidentais, das caricaturas de Maomé.
Acusados de praticarem proselitismo (conversões forçadas) entre os muçulmanos, os
sacerdotes católicos são alvo de difamação pública e temem pela sua segurança. São
cada vez mais freqüentes os casos de violência contra o clero na Turquia.
É
neste contexto de insegurança que se agravou a polêmica em torno do discurso do Papa
na Universidade de Regensburgo. O convite da Turquia a Bento XVI, partiu do Patriarca
Ortodoxo, Bartolomeu I, e foi depois confirmado pelo Presidente da República turco,
Ahmet Sezer. O Patriarca de Constantinopla manifestou a sua esperança de que esta
viagem venha acalmar as tensões com o mundo islâmico: "É uma oportunidade para cultivar
o diálogo e para acabar com mal-entendidos".
A Fundação "Ajuda à Igreja que
Sofre", atenta ao isolamento e às dificuldades do povo turco, publicou o relatório
"Turquia, entre a Europa e o Oriente – Cristianismo silenciado", promovendo também
uma campanha de Natal para apoiar os cristãos mais necessitados na Turquia e nos países
do Oriente Médio. (MJ)