2006-11-14 10:36:17

BISPO ANGLICANO ADMITE EUTANÁSIA PASSIVA EM CERTOS CASOS


Londres, 13 nov (RV) - A Igreja Anglicana, pela primeira vez, considera a possibilidade da eutanásia passiva, no caso de um recém-nascido ser portador de deficiências gravíssimas e irremediáveis. Os anglicanos consideram que "para um cristão, existem situações em que a compaixão deve prevalecer sobre o princípio segundo o qual a vida deva ser preservada a qualquer custo".

A questão veio à tona há uma semana, quando o "Royal College of Obstetricians and Gynaecologist" propôs a eutanásia para as crianças que nascem com "devastante invalidez", e por causa disto fiquem condenadas a uma vida vegetativa e freqüentemente de grande sofrimento.

Para os ginecologistas e obstetras, o problema não é somente de natureza moral: os tratamentos dos casos mais ou menos desesperadores, levam a um grande desperdício de preciosos recursos que seriam muito mais úteis se fossem utilizados no tratamento de crianças com doenças curáveis.

Para surpresa de muitos, o importante bispo anglicano Tom Butler, à frente da diocese de Southwark, fez suas as preocupações e recomendações do "Royal College". Ele passou a ser acusado de ter uma visão "nazistóide" da vida e de querer suprimir a vida dos portadores de deficiências.

Em uma carta dirigida a uma comissão independente de bioética que deve pronunciar-se sobre esta delicada e controversa matéria, além de formular novas diretrizes para os médicos, o alto prelado afirma que "em algumas circunstâncias pode ser justo interromper ou retirar um cuidado, um tratamento, mesmo sabendo que é possível, provável e mesmo certo, que este ato provocará a morte".

O bispo fez estas considerações não a título pessoal, mas em nome da Igreja anglicana. Ele não precisa, entretanto, quais sejam as circunstâncias excepcionais na qual a eutanásia poderia ser praticada. Por outro lado, ele ressalta que a decisão deve ser tomada "com ressalvas", somente quando todas as outras possibilidades foram exploradas e descartadas.

O tema ressurgiu na Grã-Bretanha devido a uma batalha judicial para manter viva Charlotte Wyatt, hoje com três anos. Ela nasceu prematura de três meses, pesando apenas cinqüenta gramas. Apesar do parecer negativo dos médicos, os pais a mantiveram viva. Apesar dos graves danos no cérebro e nos pulmões, Charlotte sobrevive, em estado vegetativo e alimentada artificialmente.

Neste meio tempo, os pais de Charlotte se separaram, deixando a filha no hospital. Busca-se, agora. uma família que a adote.

Na Holanda, país europeu onde mais é praticada a eutanásia, as crianças que nascem com 25 semanas de antecedência são deixadas para morrer. (JK)








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