SERVIÇO DOS JESUÍTAS PARA REFUGIADOS DENUNCIA POPULAÇÃO ESQUECIDA DO SRI LANKA
Colombo, 13 nov (RV) - "A população nas zonas de guerra, em Sri Lanka, está
passando fome, sendo bombardeada, enfrentando o medo, morte e desespero, mas parece
que o resto do mundo se esqueceu de todos eles" _ denunciou o Jesuit Refugee Service
(JRS), Serviço dos Jesuítas para os Refugiados, que pediu à comunidade internacional
uma atenção aos sofrimentos das populações que vivem ao norte e ao leste do país.
O
diretor do JRS no Sri Lanka, padre Vinny Joseph, ressaltou que o governo do país,
as Nações Unidas e a comunidade internacional, não fazem concretamente nada para ajudar
aqueles que sofrem, enquanto o País está se afundando na guerra civil.
Em Jaffna
e na localidade de Vakaraj a situação é dramática. As pessoas fazem fila em frente
aos supermercados, mas a falta de comida cria tensões e brigas nas ruas. Além disso,
em Jaffna, acontecem a cada dia homicídios, raptos, estupros, prisões, entre outros.
Uma
religiosa de Jaffna escreveu: "Perdemos a nossa liberdade. Não podemos sair, falar,
trabalhar, educar as crianças. Vivemos entre tensões, medo e frustrações. A guerra,
as bombas e a fome são o nosso único futuro".
Enquanto isso, nesta segunda-feira,
o representante das "Nações Unidas para a infância e os conflitos armados", Allan
Rock, acusou as forças de segurança do Sri Lanka de recrutar crianças para um grupo
paramilitar aliado que combate os rebeldes tâmeis.
Allan Rock disse aos jornalistas
que possui provas do envolvimento direto de soldados do Sri Lanka no recrutamento
de crianças para um grupo paramilitar.
"As forças de segurança cingalesas _
ressaltou Rock_ fazem com que crianças sejam recrutadas pela milícia 'Karuna', ao
terminar uma missão de 10 dias no Sri Lanka".
Esta é a primeira vez que as
Nações Unidas lançam tal acusação contra o governo do país. Os rebeldes Tigres de
Libertação da Pátria Tâmil são acusados já há tempo de recrutar crianças.
Uma
organização não-governamental da cidade de Negombo, enviou hoje para o bispo de Jaffna,
dom Thomas Savundaranayagam, 500 embalagens de leite em pó para as crianças da cidade.
Padre
Terrence Fernando, um dos responsáveis desta ONG, ressaltou que já fazem três meses
que a estrada A9 que coliga Jaffna com o resto do país, está fechada, por causa da
escalada de violência entre os rebeldes tâmeis e o exército. A população sofre pela
falta de comida, combustível e materiais higiênicos. (MJ)