BENTO XVI AOS BISPOS ALEMÃES: NÃO TENHAM MEDO DA SOCIEDADE SECULARIZADA
Cidade do Vaticano, 10 nov (RV) - A Igreja alemã deve tornar visível "a força
e a beleza da fé católica" diante do "grande desafio apresentado pelo perdurável processo
de secularização": foi a exortação que Bento XVI dirigiu, esta manhã, a um grupo de
prelados alemães, recebidos no Vaticano por ocasião da sua visita 'ad limina'.
O
Papa recordou as duas visitas que fez à sua pátria, em Colônia, para o Dia Mundial
da Juventude, e à Baviera _ sua terra natal _, em setembro passado. Em seguida, reiterou
que os cristãos, fortalecidos pela esperança do Evangelho, devem saber dialogar com
os pertencentes às outras religiões, a partir dos fiéis muçulmanos.
Os cristãos
não devem ter medo "de um confronto espiritual com a sociedade que, na realidade,
por trás de uma aparente superioridade intelectual, esconde uma certa perplexidade
diante das perguntas últimas da existência".
Bento XVI pediu aos bispos alemães
que enfrentem corajosamente a "cultura dominada pela secularização" que a Alemanha
partilha hoje com todo o Ocidente. Nesta cultura _ ressaltou o Pontífice _, "Deus
tende a desaparecer da consciência pública", enquanto "a unicidade da imagem de Cristo
desvanece e os valores formados pela tradição eclesial perdem sempre mais sua eficácia".
Portanto
_ disse o Santo Padre _, para os fiéis se torna "cada vez mais difícil e aumenta a
variedade de escolha nos projetos de vida e nos modos de viver". Daí, o "desânimo"
e a "resignação" de muitos fiéis, que "impedem o testemunho do Evangelho de Cristo
que liberta e salva".
Por outro lado _ prosseguiu _ "muitos voltam a interrogar
e a olhar com esperança a mensagem cristã e esperam de nós respostas convincentes".
E a Igreja tem respostas que se demonstraram válidas "nas discussões espirituais de
dois milênios". A sua validade _ acrescentou _, é "duradoura" porque brota do "Evangelho
do logos que se tornou homem".
Reforçados por essa consciência _ explicou o
Pontífice _, os cristãos são capazes de "afrontar em diálogo quem quer que seja",
quem quer que lhes interpele "sobre o motivo da esperança que está em todos nós".
"Isso
vale também para as nossas relações com os pertencentes a outras religiões, sobretudo
com os muitos muçulmanos que vivem na Alemanha", diante dos quais manifestamos nosso
respeito e benevolência."
Os muçulmanos _ afirmou Bento XVI _, "que com tanta
seriedade permanecem apegados às suas convicções e a seus ritos, têm o direito ao
nosso humilde e determinado testemunho de Jesus Cristo".
O Papa reconheceu
que "para dar testemunho de modo crível", é "necessário um grande compromisso". Por
isso, fez votos de que "naqueles lugares onde há uma numerosa população muçulmana,
se tenha à disposição interlocutores católicos com os indispensáveis conhecimentos
lingüísticos e de história religiosa, que os coloquem em condições de afrontar um
diálogo com os muçulmanos".
Por outro lado _ foi a sua advertência _, "é claro
que um tal diálogo pressupõe, em primeiro lugar, um profundo conhecimento da própria
fé católica". (RL)