ARCEBISPO MARCHETTO DEFENDE MUNDIALIZAÇÃO DA SOLIDARIEDADE
Paris, 13 nov (RV) – "Mundializar a solidariedade" foi o tema do pronunciamento
do Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes,
o arcebispo Agostino Marchetto, feito esta manhã em Paris, por ocasião do 50º aniversário
de fundação do Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa.
"A globalização
_ ressaltou dom Marchetto _ é caracterizada mais por fatores econômicos do que políticos,
sociais ou culturais." Em tudo isso _ explicou ele _, "a dimensão humanitária é comumente
esquecida e vemos emergir a disparidade econômica entre países ricos e países pobres
e entre ricos e pobres dentro do mesmo país, com o fenômeno escandaloso dos novos
escravos".
Existe algo, porém _ acrescentou ele _, que levanta uma verdadeira
questão ética: trata-se do fenômeno migratório que parece obrigar todos à "busca de
uma nova ordem econômica internacional, em vista de uma repartição mais justa dos
bens da terra que contribuirá para redimensionar de modo significativo grande parte
dos fluxos de populações em dificuldade".
Em geral, portanto, a chamada 'globalização'
reestrutura gradualmente os modos de viver e influencia no plano dos mercados financeiros
as relações entre as pessoas, a vida diária e o modo de pensar. Mas este fenômeno
_ advertiu o prelado _, como todas as maiores transformações ocorridas na história
do passado, deve ser orientado no sentido da humanização e não deixado à própria sorte,
minimizando o seu alcance.
A este propósito, dom Marchetto citou João Paulo
II que na 'Centesimus Annus' afirma: "O principal recurso do homem é o próprio homem".
Portanto, eis o objetivo declarado pelo Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes: a globalização da solidariedade.
Tal globalização
significa atuar "com todas as iniciativas que defendem a dignidade humana e que são
orientadas ao bem comum universal". Significa "conseguir globalizar com a economia
o dever da solidariedade e criar as condições de uma verdadeira participação e de
uma divisão mundial dos bens e das riquezas, materiais e espirituais".
Um ponto
firme, indispensável, parece ser o da "a unidade no respeito pelas legítimas diferenças,
sobretudo mediante a partilha do conhecimento que, contrariamente aos bens materiais,
enriquece não somente quem o recebe, mas também que o dá" _ explicou dom Marchetto.
Por
fim, o prelado indicou percursos concretos: a erradicação progressiva da pobreza no
mundo; a integração dos excluídos no mercado mundial; a introdução e a promoção dos
produtos dos países do terceiro mundo; o acesso de todos aos recursos do planeta no
respeito pelo ambiente; o desenvolvimento dos países pobres também com o perdão da
dívida externa. (RL)