2006-11-11 11:43:44

SEGUNDO RÉU DO CASO CAÑAS É ABSOLVIDO


Cuiabá, 10 nov (RV) - Os sete jurados do segundo julgamento relacionado ao caso de Vicente Cañas Costa definiram por seis votos a um que o missionário jesuíta foi assassinado e que foram utilizados porretes ou arma branca (como faca) para causar sua morte. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) informa que, no entanto, por cinco votos a dois, o mesmo júri inocentou o réu José Vicente da Silva, acusado de ser um dos executores do crime.

O resultado saiu na noite desta quarta-feira, 08 de novembro, depois de três dias de julgamento, realizado no auditório da Justiça Federal, em Cuiabá, Estado do Mato Grosso, com a presidência do juiz Jéferson Schneider. O Ministério Público Federal anunciou que vai recorrer, da mesma maneira como fez em relação ao julgamento realizado entre 24 e 29 de outubro, quando foi inocentado Ronaldo Antonio Osmar, da acusação de ser um dos intermediadores do crime.

"A justiça tardia não se efetiva", afirmou o procurador Mario Lucio Avelar, que coordenou a acusação, ao final do julgamento. "O inquérito teve a participação de um dos acusados, veio depois de anos para a Polícia Federal e esta não teve a rapidez necessária. Ele demonstra a incompetência das polícias Judiciária e Federal. E demonstra que, quando há interesses políticos e econômicos, eles são mais fortes que as forcas locais" _ afirmou.

A assistente de acusação, Michael Nolan, concorda com a dificuldade de trabalhar em um processo com problemas de condução desde as primeiras investigações. "Não há uma única prova nos autos feitos pela polícia. Eles não produziram provas" _ disse. As provas vieram apenas anos mais tarde, através de investigações paralelas conduzidas por entidades indigenistas.

O juiz que presidiu os trabalhos, Jeferson Schneider, avaliou que o processo teve pontos positivos e negativos. "Negativo foi o tempo que durou. É senso comum que os órgãos responsáveis pela justiça no Brasil são lentos. Isso faz com que valores protegidos pela Constituição Federal, entre eles a vida, sejam desrespeitados. Um processo desses não leva a lugar nenhum. Não constrói uma sociedade e gera sensação de impunidade. O lado positivo é que finalmente se chegou ao fim do processo. Meu compromisso era terminar o processo, levar a júri. E isto a Justiça conseguiu." (CE)








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