CONDENADA RELIGIOSA ACUSADA DE PARTICIPAÇÃO NO GENOCÍDIO DE RUANDA
Nairóbi, 10 nov (RV) - A religiosa Theophister Mukabibi foi condenada a 30
anos de prisão pelo sua participação no genocídio de Ruanda de 1994. Segundo a rádio
Nairóbi, a condenação foi proferida pelas "Gacaca", tradicionais cortes ruandesas.
Em cem dias, a etnia hutu massacrou cerca de 800 mil pessoas pertencentes à etnia
tutsi. A Igreja Católica foi acusada, por diversas vezes, de cumplicidade ativa no
genocídio.
Irmã Theophister foi condenada, em particular, por ter participado
ativamente no extermínio de cerca 2 mil tutsis que haviam buscado refúgio no hospital
de Butare, onde a religiosa prestava assistência.
Segundo testemunhas de acusação,
inicialmente ela se recusava a dar comida aos tutsis, mandando embora do hospital
velhos, mulheres _ mesmo grávidas _ e crianças. Depois os encaminhava aos milicianos
hutus com os quais havia acordos pré-estabelecidos. Segundo a acusação, ela também
teria afogado uma criança em um banheiro do hospital.
Outras duas religiosas
ruandesas haviam sido condenadas em 2001 por uma Corte belga. Também um sacerdote
aguarda ser julgado por um tribunal internacional da ONU, com sede em Arusha, Tanzânia.
O tribunal julga as pessoas envolvidas no massacre, porém de forma lenta e com decisões
muitas vezes contestadas.
As cortes locais também incriminaram o arcebispo
Thaddee Ntihinyurwa, pertencente à etnia hutu, pelo papel que teria desenvolvido em
massacre perpetrado ao sul do país.
A mais de 11 anos dos eventos _ que envolveram
também as tropas da ONU, que abandonaram o país antes das matanças _ as feridas do
genocídio ruandês estão bem longe de cicatrizarem, mesmo que exista um governo de
unidade nacional guiado pelos hutus, que garante a presença da minoria tyutasi. (JK)