SECRETÁRIO VATICANO: A FOME NO MUNDO É UM ESCÂNDALO INACEITÁVEL
Roma, 07 nov (RV) - "A fome e a desnutrição são inaceitáveis num mundo que
dispõe de níveis de produção, de recursos e de conhecimentos capazes de por fim a
esses flagelos e às suas dramáticas conseqüências". Foi isto, em síntese, o que afirmou
o Secretário para as Relações com os Estados, o arcebispo Dominique François Joseph
Mamberti, em seu pronunciamento ao Comitê da FAO para a Segurança Alimentar, reunido
dias atrás em Roma para avaliar os progressos feitos em relação aos compromisso assumidos
no Encontro de cúpula sobre a alimentação, dez anos atrás.
O prelado levou
a saudação e o encorajamento de Bento XVI à missão da FAO no mundo. Segundo o arcebispo
Mamberti, "a realidade de multidões de pessoas, cujo direito à vida é colocado em
discussão, deve ser para nós motivo de inquietação e para mexer com a consciência
de cada um".
"Não obstante os esforços feitos pela FAO (Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura), pelos próprios Estados, pelas ONGs, por
múltiplas associações e por indivíduos _ explicou o prelado _, eliminar a insegurança
alimentar é um objetivo ainda distante, que requer (…) compromissos políticos, jurídicos
e econômicos para permitir (…) reformas necessárias e eficazes."
O Secretário
para as Relações com os Estados identificou na ausência de paz, nas injustiças, na
destruição do ambiente e na falta de serviços sanitários básicos, as "causas que expõem
os povos ao grave risco da fome", sem esquecer "o comportamento dos países mais ricos
que exploram de modo desconsiderado as riquezas dos países mais pobres, sem nenhuma
compensação, e a inobservância dos equilíbrios ecológicos".
"O fenômeno da
globalização _ acrescentou o prelado _ (…) deve tornar a família humana ainda mais
consciente de que o problema da fome poderá ser resolvido somente graças a uma estratégia
de desenvolvimento global, do qual participem todos os países para o bem da humanidade."
Portanto,
observou dom Mamberti, é necessário colocar o homem no centro das escolhas econômicas,
distribuindo os recursos, transmitindo as tecnologias às populações locais, formando
especialistas locais em todos os campos e apostando nos jovens. Um desafio _ frisou
ele _, que deve partir da realidade da célula familiar.
"A Igreja _ recordou
o arcebispo Mamberti _ não tem vocação para propor soluções políticas, econômicas
ou técnicas para fazer frente aos problemas da sociedade, mas, em sua missão de 'anunciar
a Boa Nova a todas as nações', se sente particularmente próxima daqueles que vivem
em condições de pobreza, de sofrimento e desnutrição, e deseja ajudá-los com os meios
que são seus."
Esta Igreja _ conclui ele_, está "pronta a ajudar aqueles que
trabalham para dar força à solidariedade internacional e para promover a justiça entre
os povos, de modo particular, aqueles que estão em contato direto com as populações".
(RL)