Arcebispo de Kirkuk opõe-se a iniciativa americana para proteger cristãos iraquianos
( 09/11/2006) O Arcebispo de Kirkuk, D. Louis Sako, pronunciou-se contra os planos
da Conferência Episcopal dos EUA (USCCB) para dar maior protecção aos cristãos iraquianos
que correm o risco de desaparecer do país. O prelado iraquiano discorda que seja criado
um santuário para os cristãos em Nínive e uma política de asilo nos Estados Unidos
da América para refugiados iraquianos. Em entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre,
D. Louis Sako diz que são "impossíveis" os planos propostos pela USCCB no sentido
de dar maior protecção aos cristãos que estão a sair do Iraque. O arcebispo católico-caldeu
de Kirkuk considera que o pedido da Conferência Episcopal à Secretária de Estado,
Condoleeza Rice, não irá contribuir para travar a possível extinção dos cristãos no
Iraque, quando já se fala na existência de uma limpeza étnica. Referindo-se à
iniciativa norte-americana, o prelado afirmou que esta "poderá criar mais tensão do
que apoio efectivo aos cristãos", uma vez que pode causar divisões entre os cristãos
numa altura em que cresce o sentimento anti - americano no Iraque. No passado
dia 3 de Novembro o presidente da Comissão para a Política Internacional da USCCB,
D. Thomas Wenski, escreveu uma carta a Condoleeza Rice, pedindo que fossem tomadas
medidas para melhorar a situação, que tem vindo a agravar-se, dos cristãos e outras
minorias religiosas no Iraque. Na sua mensagem, D. Wenski denuncia vários casos
recentes de violência que atingiram as comunidades cristãs, como a recente decapitação
de um sacerdote ortodoxo em Mossul, a crucificação de um jovem cristão em Albasra,
raptos de sacerdotes e violações de mulheres cristãs. O prelado norte-americano afirma
que "o ataque crescente e deliberado aos cristãos é um sinal ameaçador da crise na
sociedade iraquiana, baseada na ordem civil e no respeito inter-religioso, e é uma
grave violação dos direitos humanos e da liberdade religiosa". "Não fomos todos
assimilados pelas forças da coligação. Não temos nada a ver com elas, nem temos, de
facto, nada a ver com o Ocidente. Somos cristãos, somos cidadãos como os outros",
declarou, por sua vez, D. Sako, sublinhando a tradição secular de coexistência entre
cristãos e a cultura islâmica. O prelado iraquiano informou que o êxodo cristão
em Bassorá prossegue e que 200 famílias já saíram da região. Este facto levou o bispo
local, D. Djibrail Kassab, a sair da diocese para assumir um novo posto administrativo
em Sidney, junto das comunidades exiladas na Austrália. Segundo o arcebispo, Bassorá
deverá permanecer como sede vaga e apenas um padre serve agora aquela diocese. "Quase
não há futuro para a Igreja em muitas regiões do país, incluindo Bagdad, Mossul e
Bassorá", referiu o prelado que descreveu ainda a situação em Kirkuk como "calma e
pacífica". (Departamento de Informação – Fundação Ajuda à Igreja que Sofre)