REPRESENTANTE VATICANO NA ONU: TERRORISMO, NIILISMO E FUNDAMENTALISMO AMEAÇAM A PAZ
Nova York, 04 nov (RV) – "Terrorismo, niilismo e fundamentalismo fanático ameaçam
hoje a coexistência pacífica" da humanidade, na medida em que separam a paz da verdade.
Foi o que disse ontem, sexta-feira, o observador permanente da Santa Sé na ONU, o
arcebispo Celestino Migliore, durante os trabalhos da Assembléia Geral em curso na
sede da organização, em Nova York.
"A paz _ ressaltou o prelado _ implica uma
verdade que é comum a todos os povos e ultrapassa as diferenças culturais, filosóficas
e religiosas": a "dignidade de toda pessoa" está "intimamente ligada ao transcendente".
Dom
Migliore citou a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz deste ano, intitulada
"Na verdade, a paz", na qual o papa afirma que "a excessiva exaltação das próprias
diferenças contrasta com esta verdade basilar. É preciso recuperar a consciência de
estarmos irmanados num mesmo e, em última análise, transcendente destino, para se
poder valorizar da melhor forma as próprias diferenças históricas e culturais sem
as contrapor, mas, antes, harmonizando-as com os que pertencem a outras culturas".
"A
falta da verdade fundamental da paz em nível cultural _ prosseguiu o representante
vaticano _ produziu, indubitavelmente, efeitos devastadores" nestes últimos anos.
"O exemplo mais dramático é o terrorismo internacional" cujas raízes culturais são
análogas às do niilismo.
"Os niilistas _ observou Dom Migliore, citando Bento
XVI _ negam a existência de qualquer verdade, os fundamentalistas avançam a pretensão
de poder impô-la com a força. Mesmo tendo origens diversas e sendo manifestações que
se inserem em contextos culturais distintos, o niilismo e o fundamentalismo têm em
comum um perigoso desprezo pelo homem e sua vida e, em última análise, pelo próprio
Deus."
Daí podem derivar "terrorismo, guerras, genocídios e injustiças nacionais
e internacionais que (…) oprimem e abandonam populações inteiras à fome", ameaçando
o direito à existência.
Nessas situações _ recordou o observador permanente
da Santa Sé na ONU _, a verdade da paz está ligada ao princípio da responsabilidade
por parte da comunidade internacional de proteger os povos ameaçados. (RL)