VIGÁRIO GERAL DO VATICANO REFLETE SOBRE TODOS OS SANTOS
Cidade do Vaticano, 01 nov (RV) - Neste 1º de novembro, Solenidade de Todos
os Santos, aproveitamos a ocasião para ouvir uma reflexão do Vigário-geral para o
Estado da Cidade do Vaticano, e novo Arcipreste da Basílica de São Pedro, dom Angelo
Comastri, que é também Presidente da Fábrica de São Pedro.
Numa entrevista
concedida à Rádio Vaticano, dom Comastri disse que "a Festa de Todos os Santos une
numa única recordação esta imensa família que enche o nosso coração de consolação.
Por vezes, _ disse dom Comastri _ ouço algumas pessoas dizendo: 'Eu me sinto sozinho.
Eu me sinto sozinha'. Mas digo: 'Saiba que você está circundado pela família dos Santos,
pela comunhão dos Santos, pelo abraço dos Santos'. E essa presença dos Santos em nossa
vida deveria tornar-se um pensamento constante, porque os Santos no céu não podem
ficar inoperantes. O paraíso não é uma aposentadoria dourada. O paraíso é o lugar
no qual se vive a máxima caridade. E se o mandamento do amor vale para nós na terra,
com maior razão vale para os Santos no céu."
"Por isso _ observa dom Comastri
_, Santa Teresa de Lisieux pouco antes de morrer disse: 'Eu estou para entrar em repouso…
ou melhor, não em repouso _ se corrigiu _, eu passarei o meu céu fazendo o bem na
terra'."
"Os Santos são muitos e estão todos voltados para nós, porque quem
está unido a Deus está unido ao amor e o amor não pode ficar inoperante. Esse é um
pensamento que nos enche o coração de consolação e nos permite afrontar as tempestades
da vida, as dificuldades da vida com um grande otimismo, com uma grande confiança,
também partindo da realidade da comunhão dos Santos."
Interrogado sobre como
apresentar a santidade em nossos dias, sobre como explicar a santidade, dom Comastri
respondeu: "Em primeiro lugar, devemos livrar a santidade de uma série de mistificações
que por vezes a circunda. Os Santos são as pessoas que vivem a humanidade em máximo
grau. Os Santos sãs as pessoas verdadeiramente realizadas. Os Santos são as pessoas
verdadeiramente de sucesso, porque o sucesso não é a fama de um campeonato de futebol,
a fama do sucesso de um filme, a fama de um sucesso no trabalho. O verdadeiro sucesso
da vida é a santidade e a santidade é uma plenitude de humanidade. Por isso Jesus
chama os Santos de Bem-aventurados. As Bem-aventuranças não são outra coisa que uma
característica dos Santos."
Dom Comastri explica ainda: "Os pobres em espírito
_ livres do dinheiro, do poder, do sucesso; os mansos _ livres da violência; os misericordiosos
_ livres do ódio; os puros de coração _ livres da contaminação; são pessoas felizes,
são bem-aventurados. Quando apresentamos a santidade, devemos, então, fazer entender
que o ideal da santidade é um ideal de felicidade, é um ideal de plenitude da humanidade,
é um ideal de plena realização de si mesmos, porque os Santos são aqueles que verdadeiramente
realizaram o projeto de Deus e, portanto, a plenitude de humanidade."
"Eu,
por vezes _ conclui dom Comastri _, me pergunto quem é mais humano do que São Francisco
de Assis, quem é mais homem do que ele; e quem é mais mulher do que Madre Teresa de
Calcutá. Embora sejam exemplos, são, porém, exemplos aos quais devemos olhar porque
esse é o caminho para realizar plenamente a nós mesmos. Gosto de uma frase de Léon
Bloy, um convertido cheio de ardor, que um dia disse: 'Existe uma só tristeza e é
a tristeza de não ser Santos, e eu gostaria que ninguém tivesse essa tristeza, gostaria
que todos fossem Santos'." (RL)