Bkerke, 03 nov (RV) - Os bispos maronitas condenaram com veemência a atual
confusão que aflige o Líbano e a divisão dos libaneses em facções antagonistas.
A
situação é difícil e envolve questões importantes para o futuro do país, como a formação
de um tribunal internacional, que deve julgar os crimes políticos cometidos a partir
de 2004, a substituição do governo de Fouad Siniora e a elaboração de uma nova lei
eleitoral.
Os bispos maronitas _ que se encontraram em Bkerke, em uma reunião
presidida pelo patriarca maronita de Antioquia, cardeal Nasrallah Pierre Sfeir _ afrontaram
as últimas polêmicas causadas pelas afirmações do presidente libanês Emile Lahoud
contra um esboço dos estatutos do tribunal internacional da ONU, encarregado de julgar
os responsáveis pelos 14 atentados realizados no Líbano em 2004 e 2005.
Segundo
o presidente libanês o esboço está em contradição com o artigo 52 da Constituição
libanesa, que dá ao presidente da República a plena competência de estipular acordos
internacionais. Mas isto é visto pelos partidos anti-sírios como uma tentativa do
presidente libanês de bloquear a instituição do tribunal, que levaria ao banco dos
acusados expoentes do governo de Damasco e talvez, o próprio Emile Lahoud.
O
patriarca Sfeir continua guiando a Igreja Maronita com coragem, expressando sempre
a sua preocupação por uma possível deterioração da situação no país, pois continuam
as violações do espaço aéreo libanês por parte dos israelenses, não obstante a presença
das Forças de interposições das Nações Unidas e porque o grupo xiita Hezbollah recusou
os pedidos do Conselho de Segurança da ONU, no último 30 de outubro, de um desarmamento
das milícias.
Israel usa como pretexto para as suas invasões ao território
libanês, que os grupos armados continuam recebendo armas através das fronteiras libanesas.
"Esta é uma situação que não instaura confiança, mas pelo contrário, faz temer uma
possível retomada dos combates, nos quais todos os libaneses conhecem as conseqüências"
_ concluiu o patriarca Sfeir. (MJ)