CARDEAL SEPE FALA DO I CONGRESSO MISSIONÁRIO ASIÁTICO
Cidade do Vaticano, 02 nov (RV) - Realizou-se nos dias passados em Chiang Mai,
na Tailândia, o I congresso Missionário Asiático, com o tema "A história de Jesus
Cristo na Ásia: uma celebração de vida e de fé", organizado pela Federação das Conferências
Episcopais da Ásia (FABC), proposto pela Congregação para a Evangelização dos Povos.
Os trabalhos foram presididos pelo enviado especial do Santo Padre, o arcebispo de
Nápoles, cardeal Crescenzio Sepe, até pouco tempo, Prefeito do referido organismo
vaticano. De retorno da Tailândia, a Rádio Vaticano o entrevistou.
"A representação
de mais de mil delegados, com todos os bispos, na realidade de todos os países que
compõem este vasto continente, fez de modo que tivéssemos uma análise profunda de
toda a evangelização nesse continente. Sabemos que é um dos continentes com o menor
número de católicos, em proporção ao vasto número de habitantes, mais de quatro bilhões,
enquanto os católicos giram em torno de 120 milhões" _ disse o cardeal Sepe.
"Este
exame de consciência, esse aprofundamento e, sobretudo, a busca de um caminho que
pudesse comprometer os católicos numa evangelização no contexto cultural, social e
religioso da Ásia, foi um momento forte. Além da tomada de consciência, há o compromisso
de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e leigos a evangelizar com uma metodologia
e uma inculturação típicas do continente asiático."
Interrogado pela Rádio
Vaticano sobre como evangelizar no contexto asiático, em meio a tantas culturas e
religiões, o cardeal Sepe esclareceu: "A inculturação permanece sempre o instrumento
fundamental e seguro. O magistério, e, sobretudo o de João Paulo II, havia expressado
em diversas ocasiões que a autêntica inculturação leva em consideração primeiramente
a realidade a ser evangelizada, e depois segue o testemunho da caridade. Devo dizer
que no continente asiático as obras caritativas que têm cunho social são uma presença
que vai muito além do número dos católicos presentes em cada nação. Refiro-me, sobretudo,
aos grandes países como a China e Índia, onde a realidade caritativa constitui um
dos pontos firmes em torno ao qual gira toda a atividade das nossas organizações católicas.
Creio que uma justa inculturação com o testemunho da caridade são os caminhos nos
quais se deve trilhar para evangelizar hoje esse maravilhoso e, ao mesmo tempo, difícil
e delicado continente asiático."
Da realidade asiática, passou-se ao contexto
da realidade de Nápoles, onde e arcebispo o cardeal Sepe. Foi-lhe interrogado sobre
as peculiaridades e dificuldades encontradas na realidade napolitana para a evangelização.
"Existem riquezas enormes, constituídas, sobretudo pelo compromisso por parte de sacerdotes,
religiosos e leigos, que vivem intensamente, profundamente inculturados no contexto
social, cultural e religioso do povo napolitano" _ afirmou o arcebispo de Nápoles.
Ali estão "pessoas que se dedicam verdadeiramente sem poupar tempo e energias ao cuidado
das almas, mas também às situações apresentadas por essas realidades, com iniciativas
de caráter social, caritativo. Nesse sentido _ disse o purpurado _, diria que existe
uma série de situações que torna também mais consoante ao compromisso ministerial
nesta nossa realidade. Devo dizer que há um bom número de sacerdotes e religiosos
_ infelizmente ainda insuficientes _ para responder às necessidades enormes que existem
no território. Mas justamente a boa vontade, o compromisso, esse desejo de encarnar
o Evangelho de Cristo nesta realidade, tudo isso dá muita esperança e muita confiança".
(RL)