ARCEBISPO MIGLIORE: "A ECONOMIA SE FUNDA NA RELAÇÃO COM A NATUREZA"
Nova York, 26 out (RV) - O Observador Permanente da Santa Sé na ONU, arcebispo
Celestino Migliore, fez um pronunciamento ontem, quarta-feira, na 61ª Assembléia Geral
das Nações Unidas, em Nova York. "A nossa economia continua a fundar-se, essencialmente,
na relação com a natureza", mesmo em contextos caracterizados por uma rápida transição
e transformação. Foi a análise feita pelo observador, acompanhada dos seus votos de
que as estratégias no campo energético sejam capazes de satisfazer as necessidades
a médio e longo prazo e de tutelar a saúde humana e o ambiente.
Diversos sistemas
que tornam possível a sobrevivência no mundo _ explicou o Arcebispo Migliore _ "foram
irreparavelmente danificados ou destruídos", tornando nestes casos o caminho econômico
impraticável. Por isso, as preocupações ambientais não devem ser consideradas externas
ou marginais em relação à economia, mas devem ser consideradas pelos políticos como
as bases nas quais se apóiam todas as atividades econômicas.
A aplicação dos
compromissos assumidos na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento
(também conhecida como Cúpula da Terra ou Eco-92, ndr), no Rio de Janeiro, em 1992,
para a criação de "pilares econômicos, ambientais e sociais voltados a um desenvolvimento
sustentável" é a resposta mínima que se pode exigir.
"As conseqüências ambientais
das nossas atividades econômicas são as verdadeiras prioridades do mundo" _ advertiu
dom Migliore. O problema ambiental _ prosseguiu ele _ não é somente um "relevante
problema ético e científico", mas ainda uma "questão política e econômica".
Não
se deve somente integrar o desenvolvimento sustentável em programas de redução da
pobreza e de crescimento econômico _ observou o representante vaticano _, mas também
refletir sobre "problemas ambientais nas estratégias de segurança e sobre questões
humanitárias nos planos de desenvolvimento em nível nacional, regional e internacional".
A
Comunidade Internacional _ acrescentou _ deveria continuar aprofundando "a compreensão
das relações entre paz e desenvolvimento". Um desenvolvimento _ disse o arcebispo
_ que deve incluir maiores investimentos em tecnologias menos poluentes antes que
a balança ecológica se desequilibre como conseqüência de uma "culpável negligência".
Por
fim, entre os vários sinais que tornam alarmante a degradação ambiental, o prelado
evidenciou a desertificação e a seca, a deterioração do setor agrícola _ do qual dependem
as populações mais pobres, e o cada vez mais emblemático acesso à água _ devido não
a uma efetiva falta, mas comumente a uma inadequada gestão dos recursos hídricos.
(RL)