Nota pastoral aos catequistas :alerta dos Bispos de Angola sobre a neutralidade partidária
dos catequistas no ambiente pré-eleitoral
02/11/2006) Os Bispos de Angola, reunidos em Assembleia, gostariam de dar uma palavra
de ânimo e de orientação aos nossos estimados catequistas. Os catequistas são
embaixadores da Palavra de Deus e de animadores das comunidades em todo o território
nacional. Estamos a acompanhar os trabalhos do registo eleitoral. Por outro lado pensamos
que no próximo ano terão lugar as eleições gerais para se escolher o Presidente da
República e os membros da Assembleia Nacional. Temos conhecimento de que muitos
catequistas sofrem aliciamentos e até pressão para exercer funções de activista político
nalgum partido. Esta prática é totalmente reprovável e incompatível com a função de
catequista. O catequista, como qualquer cidadão, tem direito de votar o partido de
sua escolha, mas não é um activista político. Perante este facto muito importante
para o futuro do nosso país, queremos dar vos algumas orientações ou recomendações:
1ª A democracia é o governo do povo pelo próprio povo. A democracia aprende-se. Por
isso, é preciso um esforço sério de educação para a democracia e a cidadania. Nestes
tempos fala-se muito de “educação cívica”. A democracia é o livre exercício da cidadania.
2ª Para o bom funcionamento da democracia é muito importante o registo eleitoral.
Reconhecemos com gosto o esforço do Governo na formação dos “brigadistas”. Um bom
registo eleitoral é garantia de umas eleições livres e justas. Recomendamos aos catequistas
a sua valiosa colaboração no registo de todos os que têm direito do voto. 3ª São
muitos os cidadãos que desconfiam das eleições. Dizem que é melhor não votar para
não voltar à guerra. O melhor modo de evitar a guerra é que haja eleições livres,
justas e transparentes. Neste momento é importante que todos participem. 4ª O
voto deve ser livre. Pedimos aos catequistas que façam todo o possível para colaborarem
na criação do ambiente de liberdade e de transparência. A educação para o voto livre,
justo e transparente é uma boa garantia de bom futuro para o nosso país. 5ª Os
lugares de culto devem ser completamente apartidários, não podendo servir para neles
se fazer qualquer propaganda política. Finalmente, nós, Bispos de Angola, encorajamos
o Governo, as forças político partidárias e toda a população a envidar todos os esforços
para o fortalecimento da paz na justiça e no amor. Luanda, 30 de Outubro de 2006
Os Bispos Católicos de Angola