2006-11-01 18:35:50

PAPA PRESIDE MISSA DE TODOS OS SANTOS: PARA SER SANTO NÃO É PRECISO REALIZAR OBRAS EXTRAORDINÁRIAS


Cidade do Vaticano, 01 nov (RV) - Os Santos e os defuntos provocam o homem moderno sobre o sentido da "vida eterna", uma realidade hoje muitas vezes considerada uma "mitologia superada". Foi o que afirmou esta manhã Bento XVI, presidindo a liturgia eucarística na Basílica de São Pedro e a sucessiva recitação do Angelus, inspiradas nas celebrações litúrgicas deste primeiro e dois de novembro _ hoje, Solenidade de Todos os Santos, amanhã; Comemoração de todos os fiéis defuntos (Dia de Finados). Hoje e amanhã, feriados no Vaticano.

Para ser santos "não é necessário possuir carismas excepcionais", _ disse o papa. Assim como "o enigma da morte" leva à "esperança" de uma vida que não termina na terra.

Célebres ou desconhecidos, venerados há séculos ou escondidos nas vicissitudes do cotidiano, eles são o modelo humano que torna o céu mais próximo da terra: assim são os Santos.

Homens e mulheres, filhos da Igreja, que fizeram uma escolha, escolheram Cristo, defenderam essa escolha, não fugiram às conseqüências, nem mesmo às mais dramáticas, até se tornarem _ para além de suas intenções _ a demonstração que a "meta alta da vida cristã" é uma meta para "todos" _ não para pessoas fora do comum _, e é uma meta para todos os tempos.

Bento XVI reafirmou esses princípios durante a tradicional Missa de 1º de novembro, celebrada com grande solenidade na Basílica Vaticana.

O papa fez ressoar na Basílica completamente lotada a antiga pergunta de um célebre homem de Deus, São Bernardo de Claraval: "para que serve o nosso louvor aos Santos", o nosso tributo à sua grandeza?

A resposta de mil anos atrás, _ observou ele _, não perdeu atualidade: os Santos "não precisam de nossas honras", mas pensando neles _ dizia São Bernardo _ "sinto-me arder em grandes desejos".

"Eis, portanto, o significado da solenidade de hoje: olhando o luminoso exemplo dos Santos, despertar em nós o grande desejo de ser como eles, felizes por viver próximos a Deus (…) Ser santo significa viver na proximidade com Deus, viver na sua família. Esta verdade, reafirmada com vigor pelo Concílio Vaticano II, é hoje novamente proposta de modo solene à nossa atenção."

"Mas em que consiste a santidade?"_ se perguntou ainda Bento XVI. "Pode-se responder à interrogação, em primeiro lugar, de modo negativo, ou seja, para ser santos não é necessário realizar ações e obras extraordinárias, nem possuir carismas excepcionais. Depois vem a resposta de modo positivo: é necessário simplesmente 'servir' a Jesus, escutá-lo e segui-lo sem perder o ânimo diante das dificuldades. (…) A santidade exige um esforço constante, mas é possível a todos porque, mais que obra do homem, é sobretudo dom de Deus."

É claro, a grandeza do dom _ ressaltou o Santo Padre _ evidencia, por contraste, "a pobreza dos nossos meios". Mas a certeza cristã, longe de "ensoberbecer", está nisto: "Deus _ repetiu o Pontífice _ nos quis no mundo para sermos santos". Como os Santos celebrados pela Igreja, como as figuras do Antigo Testamento: de Abel _ o "justo", a Abraão _ "fiel Patriarca".

A santidade que une os fiéis na terra às realidades divinas "passa sempre pelo caminho da Cruz". Essa afirmação do Papa na homilia da Missa se une às palavras por ele pronunciadas antes da recitação do Angelus, dedicadas ao mistério da morte e à comemoração _ amanhã _ dos fiéis defuntos.

Em nosso tempo mais do que no passado, observou Bento XVI, "se absorve de tal modo das coisas terrenas, que por vezes se torna difícil pensar em Deus como protagonista da história e da nossa própria vida. A existência humana, porém, por sua natureza, é propensa a algo maior, que a transcende; é insuprível no ser humano o anseio à justiça, à verdade, à felicidade plena".

"Diante do enigma da morte é vivo em muitos o desejo e a esperança de reencontrar no além os próprios entes queridos (…) 'Vida eterna' para nós, cristãos, não indica porém somente uma vida que dura para sempre, mas uma nova qualidade de existência, plenamente imersa no amor de Deus, que liberta do mal e da morte."

Nas saudações após a oração mariana do Angelus, Bento XVI endereçou, dentre outros, um pensamento ao grupo agostiniano que nestes dias trouxe a "Tocha do Diálogo" nas pegadas do Bispo de Hipona, da cidade natal de Tagaste, na Argélia, até Roma para depois concluir a peregrinação em Pavia, onde se encontra o túmulo desse grande Padre da Igreja. "Com satisfação _ concluiu o Pontífice _, abençôo essa iniciativa da Ordem Agostiniana e essa Tocha, símbolo de fé e de paz." (RL)







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