TETTAMANZI AOS PERUANOS: MIGRAÇÕES PODEM DESTRUIR A FÉ
Milão, 30 out (RV) - "Meus caros: hoje vocês festejam a nossa fé. Mas, além
da festa, está a vida de cada dia. Vocês, migrantes, sabem que a migração, não poucas
vezes, coloca em crise ou até pode destruir a fé, e com isso, a unidade de suas famílias".
Desta forma, na manhã deste domingo, o arcebispo de Milão, cardeal Dionigi Tettamanzi,
se dirigiu à comunidade peruana, durante a Missa do Senhor dos Milagres.
"Mantenham
forte e viva em seus corações esta fé! _ acrescentou. Façam-na crescer com a Palavra
de Deus que encontram na Sagrada Bíblia, com os Sacramentos da Igreja e com a catequese.
A fé é a luz e a força da vida. Com a fé na mente e no coração vocês poderão sempre
conhecer os passos da verdade e do bem, da honestidade, da justiça e da paz."
"Desta
forma, vocês terão um caminho de vida cristã convicto e comprometido. Conservem, sólida
e límpida, esta fé contra toda tentação e todo perigo, mesmo com sacrifícios" _ disse
o cardeal Tettamanzi.
"Os seus filhos, amanhã _ acrescentou o cardeal numa
outra passagem de seu discurso _ deverão inserir-se na cultura, na economia, na política;
numa palavra, na vida desta nova nação: a Itália, onde vocês chegaram com tantos sacrifícios.
Pois bem _ exortou o purpurado _, cabe a vocês, com as suas tradições, sua cultura
e identidade, acompanhar e apoiar estes jovens para que não percam nem a cultura própria,
nem a fé, mas se insiram com dignidade e decisão para formar um novo povo, um povo
de rosto cristão! Esta tarefa é difícil, árdua, mas grande e gloriosa. Levem as próprias
cores para formar uma nova bandeira!"
O cardeal fez, então, um apelo ao povo
peruano: "não esqueça a sua identidade humana e cristã; recorde-a sempre e a ensine
a seus filhos, para que todos juntos possam formar um novo povo, mais feliz, mais
forte, mais unido".
Ao término da missa, a comunidade peruana de Milão procedeu
à tradicional procissão do Senhor dos Milagres, da qual participaram milhares de pessoas.
A devoção ao Senhor dos Passos remonta ao final do século XVII. Em 1651, um escravo
angolano que vivia no bairro de Pachacamilla, em Lima, pintou num muro a imagem de
Cristo crucificado, como símbolo de proteção e de oração. Em 1655 houve um terrível
terremoto em Lima; parte da cidade foi destruída, mas não a imagem de Cristo crucificado,
que permaneceu intacta também depois do terremoto de 1687. O povo peruano decidiu
inaugurar a tradição de levar em procissão uma cópia daquela imagem milagrosa, como
sinal de memória e devoção, ainda mais depois da imagem ter resistido ao novo terremoto
de 28 de outubro de 1746. A partir daquele dia a procissão se realiza sempre no último
domingo de outubro e conta com a participação de fiéis que vão vestidos de branco
e roxo. A devoção ao Senhor dos Milagres chegou também à Itália e à capital lombarda,
Milão (MZ)