O Presidente da CNBB sobre o fenomeno da corrupção que concorre para determinar subdesenvolvimento
e pobreza
Segundo o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), «a corrupção
é colocada entre as causas que mais concorrem para determinar o subdesenvolvimento
e a pobreza, privando os povos do bem comum fundamental que é a legalidade». No
contexto do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil (e também nalguns
Estados para governador), o cardeal Geraldo Majella Agnelo recorda, num artigo publicado
esta segunda-feira, que «a corrupção é um facto muito grave de deformação do sistema
político». Ela «distorce na raiz o papel das instituições representativas, enquanto
essas são usadas como terreno de trocas políticas entre clientelas e prestações dos
governantes», afirma. Desse modo, prossegue o cardeal, as escolhas políticas favorecem
os objectivos restritos daqueles que possuem os meios para influenciá-las e impedem
a realização do bem comum de todos os cidadãos. Ao recordar uma conferência internacional
promovida pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz em Junho passado, Dom Geraldo explica
que este organismo difundira uma Nota, intitulada “A luta contra a corrupção”, em
que se retomava o conceito da ecologia humana, tão caro a João Paulo II. Segundo a
Nota, «se a família não é colocada em condição de desenvolver o seu dever educativo,
se as leis contrárias ao autêntico bem do homem, como as leis contrárias à vida, deseducam
os cidadãos a respeito do bem comum, se a justiça procede com excessiva lentidão,
se a moralidade de base é enfraquecida pela transgressão tolerada, se as condições
de vida são degradadas, se a escola não acolhe e não emancipa, não é possível garantir
a ecologia humana, sobre cuja falta se alinha também o fenómeno da corrupção». Segundo
o cardeal Agnelo, a Igreja no Brasil «está fortemente empenhada na formação de uma
consciência civil e na educação dos cidadãos para uma verdadeira democracia». «É
já um motivo de esperança reconhecer que no nosso País muitas iniciativas, com destacada
presença dos cristãos, desempenham papel relevante e fundamental na luta contra a
corrupção», afirma.