EM VERONA, BENTO XVI CONVIDA OS FIÉIS A SEREM TESTEMUNHAS DO AMOR, DA ALEGRIA E DA
VERDADE
Verona, 19 out (RV) – Nesta quinta-feira Bento XVI dirigiu-se a Verona, norte
da Itália, onde 2.700 delegados estão reunidos no IV Congresso Eclesial da Itália,
com o tema: "Testemunhas de Jesus ressuscitado, esperança do mundo".
O Santo
Padre chegou a Verona por volta das 9h45 e se dirigiu à Feira de Verona onde fez um
importante discurso. Bento XVI convidou os católicos italianos a "serem verdadeiras
testemunhas do Ressuscitado e, portanto, portadores da alegria e da esperança cristã
no mundo", restituindo plena cidadania à fé cristã numa sociedade em que Deus é cada
vez mais excluído da vida pública. O Papa exortou os fiéis a darem razão de sua fé
com docilidade e respeito, com aquela mansidão e tenacidade que vem da união com Cristo.
Em
seu discurso na Feira de Verona, diante dos tantos delegados chamados a uma avaliação
do caminho da Igreja na Itália, o Papa _ identificando as raízes do Congresso no Concílio
Vaticano II _ reiterou a centralidade de Cristo Ressuscitado, o "salto" decisivo rumo
a uma dimensão de vida profundamente nova para toda a família humana, a história e
todo o universo.
"A sua ressurreição foi, portanto, uma explosão de luz, de
amor, que rompeu as cadeias do pecado e da morte. Ela inaugurou uma nova dimensão
da vida e da realidade, da qual emerge um mundo novo, que penetra continuamente em
nosso mundo, o transforma e o atrai a si" _ disse o Papa.
Enunciando a transformação
daquele que teve o dom da fé e a confirmação no Batismo colocando seu alicerce em
Cristo, o Pontífice falou da "novidade" cristã chamada a transformar o mundo.
Falando
da Itália, o papa ressaltou os males do Ocidente invadido por uma cultura que pretende
colocar-se como universal e auto-suficiente. Bento XVI falou de uma nova onda de iluminismo
e de laicismo, para a qual seria racionalmente válido somente aquilo que é experimentável
e calculável. "Assim _ disse o Papa _, Deus acaba excluído da cultura e da vida pública,
e a fé nele se torna mais difícil, mesmo porque vivemos num mundo que se apresenta
quase sempre como obra nossa.
"Não é difícil ver que esse tipo de cultura representa
um rompimento radical e profundo não somente com o cristianismo, mas em geral com
as tradições religiosas e morais da humanidade: portanto, não é capaz de instaurar
um verdadeiro diálogo com as outras culturas, nas quais a dimensão religiosa é fortemente
presente, além de não poder responder às questões fundamentais sobre o sentido e sobre
a direção da nossa vida. Portanto, essa cultura é caracterizada por uma profunda carência,
mas também por uma grande e inutilmente recôndita necessidade de esperança."
Em
seguida, o Santo Padre fez um chamado à esperança e ao testemunho cristão, falou da
Igreja como "realidade muito viva", e do "grande esforço de evangelização e catequese,
dirigido em particular às novas gerações" e às famílias. Depois, ressaltou a insuficiência
de uma racionalidade fechada em si mesma e de uma ética por demais individualista.
Concretamente _ disse ele _ percebe-se a gravidade do risco de separar-se das raízes
cristãs da nossa civilização.
"De fato, cabe a nós _ não com os nossos pobres
recursos, mas com a força que vem do Espírito Santo _ dar respostas positivas e convincentes
às expectativas e às interrogações da nossa gente. Se soubermos fazê-lo, a Igreja
na Itália prestará um grande serviço não somente a esta nação, mas também à Europa
e ao mundo, porque a insídia do secularismo está presente em todos os lugares e igualmente
universal é a necessidade de uma fé vivida em relação aos desafios do nosso tempo."
Bento
XVI, referindo-se aos temas tratados pelo Congresso, evidenciou que "o cristianismo
está aberto a tudo aquilo que é justo, verdadeiro e puro nas culturas e nas civilizações,
aquilo que alegra, consola e fortalece a nossa existência".
"Os discípulos
de Cristo, portanto _ disse o papa _, bem reconhecem os autênticos valores da cultura
do nosso tempo, como o reconhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico,
os direitos do homem, a liberdade religiosa, a democracia. Não ignoram e nem subestimam,
porém aquela perigosa fragilidade da natureza humana que é uma ameaça para o caminho
do homem em todo contexto histórico; em particular, não desconsideram as tensões interiores
e as contradições da nossa época. Por isso, a obra da evangelização jamais é um simples
adaptar-se às culturas, mas é também uma contínua purificação, um rompimento corajoso
que se torna maturação e saneamento, uma abertura que permite o nascimento daquela
'nova criatura' (2Cor 5,17; Gl 6, 15) que é o fruto do Espírito Santo."
O Papa
falou ainda do encontro com Cristo como evento que se manifesta, também no atual contexto
humano e cultural.
"Nessas bases se torna novamente possível alargar os espaços
da nossa racionalidade, reabri-la às grandes questões da verdade e do bem, conjugar
entre si a teologia, a filosofia e as ciências, no pleno respeito de seus métodos
próprios e da sua recíproca autonomia, mas também na consciência da intrínseca unidade
que as mantém unidas. Essa é uma tarefa que está diante de nós, uma aventura fascinante
que merece nossa dedicação, para dar novamente impulso à cultura do nosso tempo e
para restituir-lhe a fé cristã, plena cidadania. Para tal fim, o 'projeto cultural'
da Igreja na Itália é, sem dúvida, uma intuição feliz e uma contribuição muito importante"
_ concluiu o papa. (RL)