2006-10-20 10:54:24

EM VERONA, BENTO XVI CONVIDA OS FIÉIS A SEREM TESTEMUNHAS DO AMOR, DA ALEGRIA E DA VERDADE


Verona, 19 out (RV) – Nesta quinta-feira Bento XVI dirigiu-se a Verona, norte da Itália, onde 2.700 delegados estão reunidos no IV Congresso Eclesial da Itália, com o tema: "Testemunhas de Jesus ressuscitado, esperança do mundo".

O Santo Padre chegou a Verona por volta das 9h45 e se dirigiu à Feira de Verona onde fez um importante discurso. Bento XVI convidou os católicos italianos a "serem verdadeiras testemunhas do Ressuscitado e, portanto, portadores da alegria e da esperança cristã no mundo", restituindo plena cidadania à fé cristã numa sociedade em que Deus é cada vez mais excluído da vida pública. O Papa exortou os fiéis a darem razão de sua fé com docilidade e respeito, com aquela mansidão e tenacidade que vem da união com Cristo.

Em seu discurso na Feira de Verona, diante dos tantos delegados chamados a uma avaliação do caminho da Igreja na Itália, o Papa _ identificando as raízes do Congresso no Concílio Vaticano II _ reiterou a centralidade de Cristo Ressuscitado, o "salto" decisivo rumo a uma dimensão de vida profundamente nova para toda a família humana, a história e todo o universo.

"A sua ressurreição foi, portanto, uma explosão de luz, de amor, que rompeu as cadeias do pecado e da morte. Ela inaugurou uma nova dimensão da vida e da realidade, da qual emerge um mundo novo, que penetra continuamente em nosso mundo, o transforma e o atrai a si" _ disse o Papa.

Enunciando a transformação daquele que teve o dom da fé e a confirmação no Batismo colocando seu alicerce em Cristo, o Pontífice falou da "novidade" cristã chamada a transformar o mundo.

Falando da Itália, o papa ressaltou os males do Ocidente invadido por uma cultura que pretende colocar-se como universal e auto-suficiente. Bento XVI falou de uma nova onda de iluminismo e de laicismo, para a qual seria racionalmente válido somente aquilo que é experimentável e calculável. "Assim _ disse o Papa _, Deus acaba excluído da cultura e da vida pública, e a fé nele se torna mais difícil, mesmo porque vivemos num mundo que se apresenta quase sempre como obra nossa.

"Não é difícil ver que esse tipo de cultura representa um rompimento radical e profundo não somente com o cristianismo, mas em geral com as tradições religiosas e morais da humanidade: portanto, não é capaz de instaurar um verdadeiro diálogo com as outras culturas, nas quais a dimensão religiosa é fortemente presente, além de não poder responder às questões fundamentais sobre o sentido e sobre a direção da nossa vida. Portanto, essa cultura é caracterizada por uma profunda carência, mas também por uma grande e inutilmente recôndita necessidade de esperança."

Em seguida, o Santo Padre fez um chamado à esperança e ao testemunho cristão, falou da Igreja como "realidade muito viva", e do "grande esforço de evangelização e catequese, dirigido em particular às novas gerações" e às famílias. Depois, ressaltou a insuficiência de uma racionalidade fechada em si mesma e de uma ética por demais individualista. Concretamente _ disse ele _ percebe-se a gravidade do risco de separar-se das raízes cristãs da nossa civilização.

"De fato, cabe a nós _ não com os nossos pobres recursos, mas com a força que vem do Espírito Santo _ dar respostas positivas e convincentes às expectativas e às interrogações da nossa gente. Se soubermos fazê-lo, a Igreja na Itália prestará um grande serviço não somente a esta nação, mas também à Europa e ao mundo, porque a insídia do secularismo está presente em todos os lugares e igualmente universal é a necessidade de uma fé vivida em relação aos desafios do nosso tempo."

Bento XVI, referindo-se aos temas tratados pelo Congresso, evidenciou que "o cristianismo está aberto a tudo aquilo que é justo, verdadeiro e puro nas culturas e nas civilizações, aquilo que alegra, consola e fortalece a nossa existência".

"Os discípulos de Cristo, portanto _ disse o papa _, bem reconhecem os autênticos valores da cultura do nosso tempo, como o reconhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico, os direitos do homem, a liberdade religiosa, a democracia. Não ignoram e nem subestimam, porém aquela perigosa fragilidade da natureza humana que é uma ameaça para o caminho do homem em todo contexto histórico; em particular, não desconsideram as tensões interiores e as contradições da nossa época. Por isso, a obra da evangelização jamais é um simples adaptar-se às culturas, mas é também uma contínua purificação, um rompimento corajoso que se torna maturação e saneamento, uma abertura que permite o nascimento daquela 'nova criatura' (2Cor 5,17; Gl 6, 15) que é o fruto do Espírito Santo."

O Papa falou ainda do encontro com Cristo como evento que se manifesta, também no atual contexto humano e cultural.

"Nessas bases se torna novamente possível alargar os espaços da nossa racionalidade, reabri-la às grandes questões da verdade e do bem, conjugar entre si a teologia, a filosofia e as ciências, no pleno respeito de seus métodos próprios e da sua recíproca autonomia, mas também na consciência da intrínseca unidade que as mantém unidas. Essa é uma tarefa que está diante de nós, uma aventura fascinante que merece nossa dedicação, para dar novamente impulso à cultura do nosso tempo e para restituir-lhe a fé cristã, plena cidadania. Para tal fim, o 'projeto cultural' da Igreja na Itália é, sem dúvida, uma intuição feliz e uma contribuição muito importante" _ concluiu o papa. (RL)







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