CARDEAL ARINZE AFIRMA QUE LEIGOS AFRICANOS TÊM "FORTE CONSCIÊNCIA DE SER IGREJA"
Cidade do Vaticano, 19 out (RV) – O Prefeito da Congregação para o Culto Divino
e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Francis Arinze, afirmou que os leigos africanos
têm "uma forte consciência de ser Igreja".
Numa entrevista concedida à Rádio
Vaticano, o purpurado indicou que "os leigos na África se sentem realmente parte da
Igreja". "Muitas coisas caminham bem porque os leigos estão presentes na sociedade,
na política, na educação, na medicina" _ acrescentou.
"Outro elemento certamente
positivo é o número de jovens, provenientes de muitos países africanos, que respondem
à vocação sacerdotal e religiosa. Isto é considerável. Muitos países falam de um 'boom',
de um surgimento de vocações sem precedentes na história", prosseguiu o cardeal Arinze.
Após
explicar que a Igreja na África é "consciente de sua natureza missionária", o purpurado
manifestou que "devemos agradecer à Divina Providência" as boas situações do continente
africano, mas "é claro que não faltam problemas, desafios".
Ao falar destes
desafios, o cardeal considerou que "são muitos: a justiça, o respeito pelos direitos
humanos, o respeito à mulher, o cuidado dos mais pobres, dos mais pequenos, de todos
aqueles que não têm ninguém que fale por eles".
O Prefeito da Congregação para
o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos disse ainda que "convencer aqueles que
fazem política de que as considerações religiosas devem influenciar a esfera política"
é realmente um desafio. O cardeal esclareceu que a Igreja não dita leis para a política,
mas oferece a doutrina social do cristianismo, que fala do direito, do respeito pelo
outro, da justiça, do serviço à sociedade, e isto é muito válido.
O prelado
nigeriano, que desde 1984 colabora na Cúria Romana, comentou que "a Igreja deve contribuir,
certamente não com fórmulas políticas, mas com a conversão do coração humano. A Igreja
não pode restringir-se à sacristia, porque as alegrias, os desafios e os sofrimentos
do povo são também alegrias, desafios e sofrimentos da Igreja".
O purpurado
comentou que "muita gente considera a Igreja como voz dos que não têm voz, uma instituição
_ talvez entre as últimas _ na qual se pode confiar". Este fato aumenta ainda mais
a sua responsabilidade e representa um grande desafio, porque _ disse ele _ "o povo
confia na Igreja e naqueles que a dirigem _ clérigos, leigos ou religiosos _; todos
devemos conhecer esta grande responsabilidade".
Finalmente o cardeal Arinze
explicou que a justiça, a reconciliação e a paz serão assuntos de grande importância
no próximo Sínodo dos Bispos para a África a ser celebrado em 2008. (MZ)