BISPO E JURISTAS NO DEBATE PELAS DECLARAÇÕES DE PASTRANA
Montería, 20 out (RV) – O bispo da diocese de Montería, na Colômbia, dom Júlio
César Vidal Ortiz, destacou três pontos importantes sobre as declarações do ex-presidente,
Andrés Pastrana, em torno do processo de paz no país.
O prelado disse que as
afirmações de Andrés não são de todo corretas. O primeiro ponto destacado foi que
"declarações como a do doutor Pastrana são respeitáveis, mas parece uma defesa de
tudo o que ele fez em Caguán".
Sobre os mais de três mil mortos que o ex-presidente
apresentou durante as negociações com as Autodefesas Unidas Colômbia, principal grupo
paramilitar de extrema direita no país, dom Ortiz fez a segunda declaração: "não conheço
realmente esta cifra e não creio nela. As Autodefesas proclamaram uma cessão unilateral
de hostilidades, mas foram claros ao dizer que não poderiam controlar 100% dos seus
homens, porque eram mais de 22 mil pessoas armadas".
Acrescentou que todos,
incluindo a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Igreja e o Escritório do Alto
Comissariado para a Paz estão surpresos com esta cifra. "Teriam que divulgar os nomes
e as suas ocupações. Não há dúvidas que cometeram assassinatos, mas não é o que se
está dizendo, porque as Autodefesas declararam este cessar-fogo unilateral como um
sinal de que eles queriam um diálogo sério com o Governo Nacional que os levou a uma
desmobilização", explicou dom Ortiz.
A outra posição a que se refere o prelado
sobre Andrés Pastrana Aranfo foi que não há acordos por debaixo da mesa. "Enquanto
nós estivemos ali não foi assim. A Igreja falou com muita clareza e o Alto Comissário,
Luis Carlos Restrepo, é um homem muito sério", ele esclareceu que o país não conhece
o quão difícil foram as negociações com as Autodefesas. "A mensagem do Presidente
da República, através do Comissariado foi muito clara: somente pela justiça será julgado
o governo colombiano", esclareceu.
A posição da Comissão Colombiana de Juristas
Dias
atrás o ex-presidente Andrés Pastrana havia destacado tais denúncias, quando afirmou
que existem "fatos debaixo da mesa" no processo com as Autodefesas. Ele afirma que
em Santa Fe de Ralito "haviam sido cometidos três mil homicídios". Agora, a Comissão
Colombiana de Juristas apresentou três mil e quatro casos de homicídios e desaparecimentos
que se sucederam desde o dia primeiro de dezembro de 2002 até 31 de julho de 2006.
Segundo
Gustavo Gallén, presidente da Comissão Colombiana de Juristas, se vem reconhecendo
informações de diversas fontes, denúncias particulares e dos meios de comunicação,
desde o início das negociações dos paramilitares com o Governo.
O advogado
assinalou que tem solicitado informações que se relacionam com mais de 75% dos casos
e que tem recebido resposta de um total de 1498 destes. "Disseram-nos que a maioria
está em investigação prévia, outros em investigação de fato, poucos com sentença do
Tribunal e uns trinta em solicitação de acusação".
O advogado afirmou que as
vítimas, na sua maioria, são sindicalistas, ativistas sociais, defensores dos direitos
humanos, indígenas e camponeses, e dentro destes casos se encontra o do professor
Alfredo Correa de Andreis, no ano 2003. (CE)