Luanda, 18 out (RV) - O Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São
Tomé, o arcebispo de Luanda, dom Antonio Damião Franklin, lança um apelo para superar
a crise financeira que está atingindo as operações do Programa Mundial de Alimentos
(PAM) em Angola.
A ONU anunciou a suspensão de seu programa de assistência
em Angola, uma decisão causada pela falta de cerca de seis milhões de dólares para
financiar as operações.
O corte na assistência alimentar afeta ao menos 417
mil pessoas, a maioria das quais crianças das escolas do ensino fundamental da periferia
de Luanda, que até então beneficiavam de um programa de refeição escolar garantido
pelo PAM.
"É indispensável manter esse programa, porque existem casos de ajudas
de emergência" _ disse o presidente da Conferência Episcopal angolana, que se encontrava
em Fátima dias passados, para o VII Encontro das Igrejas Lusófonas _. O Arcebispo
chamou a atenção sobretudo para a população de desabrigados, que vive somente da economia
informal na periferia de Luanda.
Segundo o PAM, existem cerca de 17 mil toneladas
de bens alimentares que não podem chegar até as pessoas que necessitam por causa da
falta de verbas para o transporte. Em toda Angola, até final de setembro, o PAM conseguia
fornecer merendas escolares a cerca de 220 mil crianças e programava estender este
serviço a outras 100 mil crianças até o final do ano.
Angola está em primeiro
lugar no índice de mortalidade infantil entre os países de língua portuguesa. Segundo
o relatório anual do Fundo da ONU para a população, o índice de mortalidade infantil
em Angola é de 133 óbitos por mil crianças. Embora seja um país potencialmente muito
rico, graças aos imponentes recursos minerários (diamante, petróleo, bauxita, urânio,
fosfato) e às terras férteis; as riquezas angolanas não são distribuídas entre a maior
parte dos 11 milhões de habitantes. (CE)