A traição de Judas diz-nos que Jesus respeita a nossa liberdade, salientou Bento XVI
na audiência geral desta Quarta Feira.O Papa manifestou sentimentos de afecto e conforto
assegurando uma oração especial pelas vitimas do acidente ocorrido numa estação do
Metro de Roma.
“A traição de Judas permanece um mistério, mas embora evidenciando que as possibilidades
de perversão do coração humano são verdadeiramente muitas, diz-nos que Jesus respeita
a nossa liberdade, e espera a nossa disponibilidade ao arrependimento e á conversão,
é rico de misericórdia e de perdão”. À figura do Apostolo autor da traição que
abriu o caminho á crucifixão de Cristo Bento XVI dedicou esta quarta feira a catequese
da audiência geral na Praça de São Pedro, interrogando-se sobre os motivos e sobre
os ensinamentos das vicissitudes ligadas a Judas Iscariotes. Porque é que ele
atraiçoou Jesus? perguntou o Papa enumerando as várias hipóteses .Alguns referem-se
á cupidez do dinheiro. Outros sustentam uma explicação de ordem messiânica: Judas
teria sofrido uma desilusão vendo que Jesus não inseria no seu programa a libertação
politico - militar do próprio país. O Evangelista João diz expressamente que o diabo
entrara em Judas para ele atraiçoar Jesus; e o mesmo escreve Lucas. Desta maneira
vai -se muito além das motivações históricas e explica-se esta vicissitude com base
na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do
maligno. A proposito do mistério ligado á traição de Judas, não obstante a confiança
que Cristo depositara nele, Bento XVI explicou que Jesus tratou-o como amigo, porém
nos seus convites a segui-lo no caminho das bem-aventuranças não forçava a vontade
nem o premunia das tentaçõs de Satanás, respeitando a liberdade humana. Efectivamente-
acrescentou – as possibilidades de conversão do coração humano são verdadeiramente
muitas. A única maneira de lhes obviar consiste em não cultivar uma visão das coisas
apenas individualista, autónoma, mas pelo contrário, colocar-se sempre e de novo da
parte de Jesus, assumindo o seu ponto de vista. Além disso o arrependimento de
Judas, que degenerou no desespero e na autodestruição, é para nós um convite a não
desesperar nunca da misericórdia divina. A conclusão do Papa é que “quando pensamos
no papel negativo desempenhado por Judas na história de Jesus, devemos inseri-lo
na condução superior dos acontecimentos da parte de Deus. A sua traição levou á morte
de Jesus mas Jesus transformou este tremendo suplicio em espaço de amor salvifico,
em entrega de si mesmo ao Pai. No seu misterioso projecto de salvação – observou ainda
o Papa – Deus assume o gesto indesculpável de Judas como ocasião de dom total do Filho
para a redenção do mundo. Um ensinamento ulterior vem depois da figura de São Matias,
chamado pela sua fidelidade a fazer parte dos doze, depois da morte de Judas, quase
a compensar a sua traição. Embora na Igreja – salientou Bento XVI a concluir -
não faltem os cristãos traidores indignos, toca a cada um de nós, contrabalançar o
mal por eles cometido, com o nosso testemunho límpido de Jesus Cristo. Escutemos
agora a saudação do Papa em língua portuguesa: Saúdo o grupo
de visitantes do Brasil e demais peregrinos de língua portuguesa, a quem agradeço
a presença e quanto a mesma significa de confissão de fé e amor a Jesus Cristo vivo
na sua Igreja. Que Deus vos guarde e abençoe! No final da audiencia Bento XVI
manifestou os seus sentimentos de profundo sofrimento, e de conforto e afecto, assegurando
uma oração especial, pelas vitimas do acidente ocorrido nesta terça feira numa estação
do metro de Roma. Tinha 30 anos e era italiana a única vítima mortal da colisão
frontal de duas composições do Metro de Roma, que ocorreu ontem de manhã perto da
estação Piazza Vittorio. Do desastre resultaram, ainda, mais de 100 feridos, seis
dos quais estão em estado grave. As autoridades judiciais romanas já abriram um inquérito
contra desconhecidos por "homicídio involuntário e ofensas corporais graves". Sabe-se
- através dos bombeiros e de testemunhos de passageiros - que uma composição em andamento
chocou de frente contra uma outra que se encontrava parada, aparentemente por falha
mecânica.