Cidade do Vaticano, 16 out (RV) – Bento XVI recebeu em audiência, esta manhã,
no Vaticano, um grupo de bispos da Conferência Episcopal da Irlanda, que se encontra
em Roma para a visita 'ad Limina'. Politicamente dividida em República da Irlanda
e Irlanda do Norte _ que faz parte do Reino Unido da Grã-Bretanha, a segunda ilha
do arquipélago britânico tem uma população de maioria católica. Deve-se a São Patrício,
no século V, a difusão do cristianismo, que levou depois ao florescimento do monaquismo.
A Igreja católica na Irlanda está organizada em quatro províncias eclesiásticas.
Em Armagh, sede arquiepiscopal de São Patrício, patrono da Irlanda, reside o arcebispo
Seán Brady, Primaz de toda a Irlanda.
Além dos católicos, na ilha vivem anglicanos,
presbiterianos e metodistas. Na República da Irlanda existem também muçulmanos e ortodoxos.
O país é caracterizado historicamente por uma estreita ligação entre fé e identidade
nacional, e por um clero fortemente arraigado na sociedade. A Constituição da República
da Irlanda é a única na União Européia _ junto à da Grécia _ que tem uma explícita
referência confessional, com a evocação da Santíssima Trindade em seu preâmbulo.
Invadida
no século XII pelo rei da Inglaterra, Henrique II, a Irlanda lutou durante muito tempo
para obter a independência. Nos primeiros anos de século XX nasceram alguns movimentos
nacionalistas, entre os quais o Exército Republicano Irlandês, conhecido como IRA.
Teve início uma guerra que custou 2.700 vidas humanas.
No dia 6 de dezembro
de 1921, o Tratado de paz anglo-irlandês estabeleceu a divisão da Irlanda: os 6 condados
ao nordeste da ilha permaneceram parte do Reino Unido, com um governo e um parlamento
autônomos; os 26 condados do restante do país formaram o estado livre da Irlanda,
que se tornou oficialmente República em 1948.
Em 1998, graças ao Acordo de
Belfast (também conhecido como Acordo da Sexta-feira Santa), após anos de sangue,
a Irlanda do Norte deu início à reconciliação, e no dia 28 de julho de 2005, o IRA
depôs as armas.
Nas últimas décadas foram notáveis o impacto e os efeitos da
secularização na sociedade. Em 1995, o referendum sobre o divórcio legalizou as separações,
enquanto a lei sobre o aborto foi rejeitada duas vezes.
As vocações diminuíram
na Irlanda e hoje na ilha ficou apenas um seminário: o Colégio São Patrício de Maynooth.
Para
a Igreja católica o problema principal hoje é a transmissão da fé às novas gerações.
Os jovens irlandeses se reconhecem menos nas tradições religiosas do passado, como
indica o fato de as pessoas de 18 a 24 anos serem as que menos as praticam e que têm
muitas reservas em relação à Igreja.
Os casos de abusos sexuais que envolveram
o clero irlandês dos anos 90 produziram grande indignação e desorientação entre os
fiéis, mas essa ferida foi também um abalo positivo que estimulou a reflexão no seio
da Igreja irlandesa, sobretudo sobre a relação entre clero e fiéis leigos e sobre
o fato de não bastar um aparato eclesiástico eficiente para responder aos novos desafios
da secularização.
Diante deste quadro da realidade, os bispos tiveram que se
conscientizar acerca dos efeitos da globalização e do crescimento econômico no país,
que trouxeram bem-estar, mas também fizeram emergir novos problemas e contradições.
(RL)