Deixar tudo para seguir Jesus: o convite do Papa durante a cerimonia de canonização
na Praça de São Pedro, em que salientou a lógica da entrega e do serviço, a única
que salva o Mundo
O Papa Bento XVI canonizou ontem, no Vaticano, quatro novos santos - um mexicano,
uma francesa e dois italianos - que apresentou aos fiéis como exemplo da "lógica da
entrega e de serviço" que os animava, "a única que salva o Mundo".A missa de canonização
foi celebrada na Praça de S. Pedro em presença de 30 mil fiéis, incluindo vários milhares
de deficientes auditivos, vindos para render homenagem a um destes santos, Filippo
Smaldone (1848-1923), um padre italiano fundador de institutos para surdos.Também
os mexicanos ali estiveram em grande número para assistir à canonização de Rafael
Guízar Valencia, cognominado por Bento XVI como "o bispo dos pobres", um prelado que
exerceu o seu ministério durante a revolução mexicana (1910) e os anos de conflito
aberto entre a Igreja Católica e as autoridades políticas. Delegações da França
e dos Estados Unidos estiveram igualmente presentes em homenagem a Anne-Thérése Guérin,
dita Mãe Théodore Guérin, nascida em 1798 na França e fundadora, em Illinois (EUA),
onde se instalou em 1840, da congregação das irmãs da Providência de Saint-Mary-of-the-Woods.O
quarto canonizado é uma religiosa italiana, Rosa Venerini, que abriu em 1685 a primeira
escola pública feminina. Estes quatro santos deixaram uma lição, constatou o Papa
na homilia: «se o homem põe sua confiança nas riquezas deste mundo não alcança pleno
sentido da vida nem a autêntica alegria». «Pelo contrário --sublinhou--, se, confiando
na palavra de Deus, renuncia a si mesmo e a seus bens pelo Reino dos Céus, aparentemente
perde muito, mas na realidade ganha tudo». «O santo é precisamente esse homem, essa
mulher que, respondendo com alegria e generosidade ao chamado de Cristo, deixa tudo
para segui-lo», recordou. «As riquezas terrenas ocupam e preocupam a mente e o coração,
declarou. Jesus não diz que são más, mas que nos afastam de Deus se não se “investem”,
por assim dizer, no Reino dos Céus, se não se gastam para ajudar a quem está na pobreza».