BURUNDI: ONU PREOCUPADA COM SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Bujumbura, 16 out (RV) - Um especialista em direitos humanos, que realiza um
trabalho independente, no âmbito das Nações Unidas, Atich Okola, concluiu sua quinta
missão a Burundi, com a constatação de uma "degradação do clima político e o aumento
dos casos de grave desrespeito aos direitos dos cidadãos".
Numa entrevista
coletiva sobre o fim da sua missão, Okola mostrou-se particularmente "preocupado"
pelos casos de tortura envolvendo alguns detentos, no quadro de uma alegada tentativa
de golpe de Estado contra as instituições da República.
Entre esses detentos
figuram o ex-chefe de Estado burundinês, Domitien Ndayizeye, e seu ex-adjunto, Alphonse
Kadege.
Burundi ratificou a Convenção Internacional contra a Tortura e não
deve, por isso, servir-se de tais métodos, lembrou o especialista, denunciando o desrespeito
dos procedimentos de detenção preventiva.
Atich Okola lembrou ainda, o caso
dos 26 civis presos recentemente, e mantidos por um período, num campo militar de
Muyinga, no nordeste do país, antes de os corpos de alguns deles serem encontrados,
boiando nas águas de um rio da região.
O perito das Nações Unidas apelou às
autoridades burundinesas, para que instaurem um inquérito, o mais rápido possível,
a fim de apurar as responsabilidades e punir os autores dessas prisões ilegais, seguidas
de execuções sumárias.
Okola manifestou sua preocupação pela falta de diálogo
entre o poder, os partidos políticos e a sociedade civil, assim como pelas persistentes
tensões com os meios de comunicação. (AF)