quando se exclui Deus do âmbito público, dissipa-se o sentido da ofensa a Deus – o
autêntico sentido do pecado: Bento XVI a um grupo de bispos canadianos
Procurar a liberdade fora de Deus conduz à perda da dignidade pessoal, à confusão
moral, à desintegração social: advertência de Bento XVI, recebendo nesta segunda-feira
um grupo de bispos do Canadá Ocidental, na conclusão da visita “ad limina apostolorum”.
Comentando a parábola do filho pródigo, o Papa sublinhou que é “o amor apaixonado
do Pai pela humanidade a vencer o orgulho humano. Prodigalizado gratuitamente, é um
amor que perdoa, ocnduzindo as pessoas a entrarem mais profundamente na comunhão da
Igreja de Cristo. (O Pai) oferece verdadeiramente a todos os povos a unidade em Deus,
reconciliando justiça e amor, como se manifesta de modo perfeito em Cristo sobre a
cruz”.
Partindo ainda da parábola do filho pródigo, o Santo Padre deteve-se
na figura do filho mais velho, sublinhando a sua incapacidade de compreender um amor
incondicional. “Incapaz de pensar para além dos limites da justiça natural, ele permanece
enleado na inveja e no orgulho, destacada de Deus, isolado dos outros e mal consigo
próprio”. Daqui a prioridade pastoral apontada pelo Papa aos bispos canadianos:
chamar todos a uma unidade eclesial mais profunda, para superar a divisão e fragmentação
que tantas vezes afecta, hoje em dia, as famílias e comunidades. Sublinhada, neste
contexto, a responsabilidade do Bispo em “indicar a potência destrutiva do pecado”,
como “serviço de esperança”, levando os fiéis a evitar o mal e a abraçar a perfeição
do amor e a plenitude da vida cristã. Neste contexto, Bento XVI recomendou também
a promoção do Sacramento da Penitência. “Reencontrar o apreço por este Sacramento
há-de dar a certeza de que o tempo gasto no confessionário restabelece o bem sobre
o mal, a vida sobre a morte, e revela uma vez mais a face misericordiosa do Pai.
Uma
última palavra do seu discurso aos bispo do Canadá Ocidental, reservou-a Bento XVI
ao trabalho que estes desenvolvem no âmbito do Conselho Católico dos Aborígenes, para
a Reconciliação. O Papa encorajou a que “se enfrente com compaixão e determinação
as causas das dificuldades relativas às necessidades espirituais e sociais dos fiéis
aborígenes”. “O empenho a favor da verdade abre o caminho a uma reconciliação duradoura
através de um processo regenerativo em que se pede e se concede perdão – os dois elementos
indispensáveis para a paz. Assim se purifica a memória, os corações recuperam a serenidade
e empreende-se o futuro com uma esperança bem fundamentada de alcançar a paz que brota
da verdade”.