DOIS CATÓLICOS PRESOS NO PAQUISTÃO ACUSADOS DE TEREM QUEIMADO PÁGINAS DO ALCORÃO
Islamabad, 10 out (RV) - A polícia paquistanesa prendeu, no último domingo,
8, dois católicos de Faisalabad, acusados de terem queimado páginas do Alcorão. A
prisão foi efetuada mesmo sem testemunhas oculares ou provas concretas do delito.
Antes
da detenção, um grupo de aproximadamente 500 muçulmanos foi até à casa dos acusados
_ James e Buta Masih _ ambos de 70 anos, para linchá-los. Os manifestantes os acusavam
de blasfêmia. Graças à intervenção da polícia nada aconteceu aos dois católicos.
Khalil
Tahir, advogado de defesa dos dois católicos, explicou à agência AsiaNews, que a policia
não os levou nem mesmo diante do juiz da comarca, por medo de um ataque por parte
dos extremistas islâmicos.
A chamada Lei da blasfêmia reza que aquele que profanar
os textos sagrados do Islã deve ser preso ou, em alguns casos, condenado à morte.
Pe.
Yaqoob Yousaf, um sacerdote local, contou à AsiaNews que "a filha de James Masih,
Nargis, trabalha como doméstica na casa de muçulmanos. Seu patrão lhe deu algumas
coisas para jogar no lixo e ela as levou para seu pai, com a intenção de aproveitar
algo".
"Depois de terem feito a seleção das coisas que serviam _ acrescentou
o sacerdote _ levaram o resto para ser queimado no quintal da casa. Como são analfabetos
e ignorantes, mesmo se tivessem queimado paginas de um livro sagrado, não teriam culpa
nenhuma."
O bispo de Faisalabad, Dom Joseph Coutts, disse à mesma agência que
"estes incidentes demonstram o quanto os cristãos são vulneráveis no Paquistão muçulmano".
"Pagamos um preço muito alto _ acrescentou o prelado _ ainda que as ofensas não sejam
intencionais, ou seja, mesmo que não tenha havido má fé."
Dom Joseph Coutts
concluiu, pedindo "à comunidade internacional que reze por essas duas pessoas, por
suas famílias e seus advogados". (RO)