BENTO XVI ENVIA CARTA RECORDANDO 20 ANOS DA VISITA DE JOÃO PAULO II À AUSTRÁLIA
Sydney, 09 out (RV) - Bento XVI enviou uma carta ao Cardeal Edward Idris Cassidy,
que sábado, dia 7, presidiu a uma solene celebração eucarística em Alice Springs,
nas proximidades de Sydney, Austrália, local onde, 20 anos atrás, João Paulo II celebrou
a santa missa para a comunidade aborígine.
Desde o dia 2, mais de 600 aborígines,
em representação das dioceses da Austrália e da sociedade civil, promoveram momentos
de reflexão, palestras sobre temas de caráter pastoral, meditações bíblicas, confrontações
e celebrações, em memória dos 20 anos da visita de Papa Wojtyla ao país. Dom Cassidy
foi o enviado de Bento XVI às celebrações.
Em sua carta, Bento XVI evoca as
palavras de João Paulo II aos aborígines e aos ilhéus do Estreito de Torres, no "Blatherskite
Park", em 29 de novembro de 1986: "Chegou para vocês, o momento de ter nova coragem
e esperança. Devem recordar o passado, ser fiéis às suas tradições e adaptar sua cultura
viva, quando necessário, para responder às exigências. Mas, sobretudo, _ advertia
João Paulo II _ são chamados a abrir seus corações, cada vez mais, à mensagem consoladora,
purificadora e exultante de Jesus, Filho de Deus, que morreu para que todos tenhamos
vida, e vida em abundancia."
Bento XVI admite que é muito difícil enfrentar
esse desafio. Toda comunidade precisa e busca força, um líder que a guie como Jesus,
quando em seu tempo na terra, ia de aldeia em aldeia pregando a boa nova da verdade
e do amor. O Papa encoraja os líderes aborígines a exercerem sua autoridade com sabedoria
e fidelidade às suas tradições _ músicas, lendas, pinturas e danças _ mas, sobretudo,
através da renovada expressão de sua profunda consciência de Deus, possibilitada pelas
Boa Nova de Jesus Cristo.
Em sua carta, lida pelo Cardeal Cassidy, o Papa alerta
também os jovens para os riscos da felicidade superficial, como a oferecida pelas
drogas e o álcool. Recorda, mais uma vez, o tema da reconciliação, abordado recentemente
no discurso feito ao novo embaixador australiano junto à Santa Sé, ou seja: "Muito
já foi feito, mas há muito ainda a ser feito", e ninguém pode se eximir desse processo.
"Nenhuma
cultura pode usar as feridas do passado como desculpa para não enfrentar as dificuldades
sociais de seu povo. Somente através da disponibilidade em aceitar a verdade histórica,
a realidade contemporânea pode ser compreendida, e um futuro harmonioso, vislumbrado.
Assim sendo _ exorta o Papa _ encorajo os australianos a analisarem com compaixão
e determinação, as causas mais profundas das chagas que afligem tantos cidadãos aborígines.
O compromisso com a verdade abre caminho para a reconciliação, num processo no qual
o perdão é pedido e concedido _ requisito essencial para a paz. Desse modo, nossa
memória pode ser purificada, nossos corações tranqüilizados e nosso futuro, preenchido
com uma bem fundada esperança de paz. Uma paz que nasce da verdade."
O Papa
termina sua carta, concedendo a todos a sua bênção, estendida a todos os familiares
dos presentes, onde quer que se encontrem. (CM)