Londres, 10 out (RV) - Celebra-se hoje o Dia mundial contra a pena de morte,
com o lema "A pena de morte, um fracasso da Justiça". Para a ocasião, a organização
de defesa dos direitos humanos, Anistia Internacional, divulgou ontem, em Londres,
um relatório que revela os números das execuções levadas a cabo em 22 países.
Segundo
o relatório, a China, o Irã, a Arábia Saudita e os Estados Unidos foram responsáveis
por 94% das 2.148 execuções realizadas (e divulgadas) em 2005. Numerosas são as execuções
que não chegam ao conhecimento público.
Na China, foram 1.770 as execuções
conhecidas, embora segundo alguns peritos chineses, todos os anos sejam executadas
entre oito e dez mil pessoas. No Irã, foram 94 as execuções registradas; na Arábia
Saudita, 86; e nos Estados Unidos, 60.
Apesar de a pena de morte ainda existir
em 68 países, nos últimos 30 anos houve uma tendência para sua abolição em todo o
mundo. Em 2006, as Filipinas e a Moldávia revogaram de suas legislações a pena capital.
No entanto, países como o Peru por exemplo, estudam leis que ampliam a aplicação da
pena capital, até agora restrita a pessoas declaradas culpadas de terrorismo ou traição
em caso de guerra.
A Anistia Internacional lamenta que países como os Estados
Unidos continuem a condenar à morte e a executar pessoas com doenças mentais, e que
países como o Irã e o Paquistão executem menores.
Além dos quatro países que
lideram a lista das execuções, a Anistia Internacional acrescentou, na sua lista,
a Indonésia que, depois de um ano sem aplicar a pena máxima, fuzilou os cristãos Fabianus
Tibo, Dominggus da Silva e Marinus Riwu em 21 de setembro passado. Existem outras
90 pessoas condenadas à morte no país. No Irã, pelo menos sete mulheres correm o risco
de execução por lapidação.
A Anistia Internacional cita também o Iraque onde,
pelo menos 51 pessoas foram executadas em 2006; a Somália onde, pelo menos três pessoas
foram executadas este ano, a última há poucos dias, diante de milhares de espectadores;
e o Vietnã, com 13 execuções em 2006.
Nas Filipinas, o Dia mundial contra a
pena de morte é marcado por uma grande mobilização organizada por associações de direitos
humanos, entidades civis e movimentos católicos, para comemorar o fim da pena de morte
no país, decretada este ano, e para pedir a suspensão da pena capital em todos os
países do mundo.
A Conferência Episcopal Filipina divulgou um comunicado, convidando
as dioceses, paróquias e movimentos a promover manifestações em defesa da vida. O
tema escolhido para as manifestações é "Curar e oferecer esperança e dignidade à comunidade".
O
Dia mundial contra a pena de morte foi instituído por uma coalizão instituída em maio
de 2002. Entre seus membros estão organizações não-governamentais, associações de
defesa dos direitos humanos, sindicatos, entidades locais e um grande número de organizações
que militam pela abolição da pena capital em todo o Planeta. (JK)