2006-10-05 11:29:54

O apóstolo Bartolomeu, na catequese da audiência-geral da semana passada


"Não nos devemos contentar com palavras, na nossa relação com Jesus", advertiu Bento XVI, na audiência geral desta quarta-feira, com dezenas de milhares de peregrinos congregados na Praça de São Pedro, evocando a figura do apóstolo S. Bartolomeu.
Estas as palavras pronunciadas em português:"Dirijo uma saudação particular de boas-vindas aos peregrinos do Brasil e de Portugal, nomeadamente aos grupos lisboetas de Carnide e dos Anjos, com votos de que esta romagem fortaleça a vossa adesão a Jesus Cristo e o desejo de O fazer amar na própria casa e na sociedade. O Pai do Céu derrame os seus dons sobre vós e vossas famílias, que de coração abençoo."
Tema da alocução desta audiência geral foi a figura de São Bartolomeu, prosseguindo assim a catequese que vem dedicando, nesta circunstância semanal, aos Apóstolos.
O Papa observou que, para além de constar na lista dos Doze que os Evangelhos apresentam, não existem notícias seguras a seu respeito. É, contudo, tradicionalmente identificado com a figura de Natanael, cuja vocação é referida no quarto Evangelho, no âmbito da chamada dos primeiros apóstolos.
As palavras que o evangelista João lhe atribui, “De Nazaré pode vir algo de bom?” – observou Bento XVI – embora constituam uma espécie de contestação, são importantes para nós pois “nos faz ver que, segundo as expectativas judaicas, o Messias não podia provir de uma aldeia tão obscura como era Nazaré. Ao mesmo tempo, porém, põe em evidência a liberdade de Deus, que surpreende as nossas expectativas fazendo-se encontrar precisamente onde não esperaríamos encontrá-lo”. Aliás – observou ainda – Jesus não era exclusivamente “de Nazaré”: tinha nascido em Belém. A objecção de Natanael não tinha, portanto, valor, porque assente, como muitas vezes acontece, numa informação incompleta”.
Outra reflexão que os acontecimentos ligados a Natanael sugeriram ao Papa, na catequese da audiência-geral desta semana, partiu das palavras que Filipe lhe dirigiu: “Vem e vê!”. “Na nossa relação com Jesus – ponderou Bento XVI – não devemos contentar-nos só com palavras”.
“O nosso conhecimento de Jesus tem sobretudo necessidade de uma experiência viva: é sem dúvida importante o testemunho dos outros, pois geralmente a nossa vida cristã começa com o anúncio que chega até nós graças a uma ou mais testemunhas. Mas depois devemos ser nós próprios a ser envolvidos pessoalmente numa relação íntima e profunda com Jesus”.
Como aconteceu também com os samaritanos, quando, chamados pela mulher que conhecera Jesus junto do poço de Jacob, exclamaram por fim: “Já não é pela tua palavra que nós acreditamos, mas sim porque nós próprios ouvimos e sabemos que é verdadeiramente o salvador do mundo”.
Bento XVI evocou também a bela, “límpida”, profissão de fé que Natanael exprimiu com as palavras: “Rabbi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!”. Embora sem a intensidade da profissão de fé do apóstolo Tomé (Meu Senhor e meu Deus!), em todo o caso, – observou o Papa – as palavras de Natanael põem em destaque uma duplo – complementar – aspecto da identidade de Jesus: Ele é reconhecido tanto na sua relação especial com Deus Pai, de que é Filo unigénito, como na relação com o povo de Israel, de que é declarado rei, qualificaçao própria do Messias esperado”.
“Nunca devemos perder de vista nem uma nem a outra destas duas componentes, pois se proclamamos só a dimensão celeste de Jesus, corremos o risco de fazer d’Ele um ser etéreo, evanescente; mas se, pelo contrário, reconhecemos apenas a sua inserção concreta na história, acabamos por descurar a dimensão divina que o qualifica apropriadamente”







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