Manila, 04 out (RV) - A Igreja Católica nas Filipinas conseguiu impedir a legalização
do divórcio no país. O projeto de lei, apresentado ao Congresso em novembro de 2005,
pelo grupo feminista "Gabriela", foi classificado como um "atentado à família e a
seu papel como célula-base da sociedade filipina".
A parlamentar Liza Maza,
do partido de esquerda "Bayan Muna" (Povo primeiro), atribui a dificuldade em aprovar
leis sobre o divórcio à pressão da religião. "Se hoje não existe divórcio nas Filipinas,
é por causa da influência da Igreja" _ alegou.
Liza Maza afirmou que os legisladores
filipinos temem desafiar as ordens da Igreja e são cúmplices do veto. "Os legisladores
sucumbem à pressão, porque têm a falsa percepção de que, caso defendam a lei de divórcio,
o povo não votará mais neles." A parlamentar destacou que a atitude da Igreja é um
desrespeito ao princípio de separação entre Igreja e Estado, nas Filipinas.
O
partido Bayan Muna é minoria no Congresso. Das 234 cadeiras, apenas cinco são ocupadas
por deputados desse partido.
A maior parte dos congressistas apóia a Presidente
Gloria Macapagal Arroyo, católica fervorosa e contrária ao divórcio e às políticas
de contracepção artificial.
A Igreja teria enviado cartas dissuasivas a parlamentares
em princípio favoráveis à legalização do divórcio. Assim, o projeto foi barrado antes
de ser encaminhado ao Senado. Nas Filipinas, as alternativas ao divórcio são a separação
de fato e a anulação, ambas autorizadas pela Igreja.
Um dos principais opositores
da legalização do divórcio, o arcebispo de Lingayen-Dagupan, Dom Oscar Cruz, reconheceu
o poder da religião sobre a questão. "É verdadeiramente difícil ir contra a Igreja"
_ lembrou Dom Cruz, comentando a precedente tentativa de aprovação do divórcio nas
Filipinas, apresentada pelo congressista Manuel Ortega, em 2001. (MZ)