VATICANO DENUNCIA: CRESCE O NÚMERO DOS SEM-TETO

Cidade do Vaticano, 02 out (RV) - Aposentadorias "insuficientes", despesas médicas "pesadas", direito à moradia "não reconhecido"... o Vaticano lança o alarme sobre o aumento do número dos sem-teto, pessoas que vivem ao Deus dará, nas grandes cidades da Europa. O secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, fala da "crise do Estado social", para dar uma explicação ao fenômeno. O quadro dramático foi apresentado durante o encontro intitulado "Pessoas sem-teto em Nairóbi e no mundo", realizado em Nápoles. Há também os moradores de rua por opção, disse o arcebispo, mas são muito mais os que vivem na rua porque se encontram em situações difíceis, como a perda da casa. A essas pessoas, falta o apoio necessário.

"Tudo isso pode transformar, quando falta o apoio necessário, pessoas que até um determinado momento levavam uma vida "normal", em gente desprovida até do necessário' para viver" _ disse Dom Marchetto. "Viver na rua _ denunciou o arcebispo _ contrariamente ao que se pensa, freqüentemente, não é, portanto, uma escolha usual. A vida na rua é dura e perigosa, é uma luta quotidiana pela sobrevivência. Muito menos é uma escolha livre."

"Quem é sem-teto, vive, de fato, uma condição de muita vulnerabilidade, porque é obrigado a depender dos outros, mesmo que seja apenas para as necessidades primárias, e está exposto às agressões, ao frio e às humilhações, sempre indesejado."

"Quem vive na rua _ destacou Dom Marchetto _ é visto com desdém e suspeita, e o fato de não ter uma casa, se torna o início de uma perda progressiva dos direitos. Assim, torna-se mais difícil receber assistência, é quase impossível encontrar trabalho, e não consegue mais ter os documentos de identidade."

Assim como na África _ onde nas periferias das grandes cidades, há favelas com milhões de desesperados _ também na Europa, sublinhou Dom Marchetto, esses pobres se tornam uma multidão sem nome e sem voz, incapazes até de se defender e de encontrar recursos para melhor o próprio futuro. (MZ)