CARDEAL POUPARD DESTACA QUE PARA O DIÁLOGO ENTRE AS RELIGIÕES É NECESSÁRIO CONHECER
A CULTURA NA QUAL ELAS SE ENCARNAM
Cidade do Vaticano, 02 out (RV) - "Faço votos de que não se atenuem entre eles
os vínculos de fraternidade" e "convido todos a se unirem a mim, no pedir a Deus onipotente,
o dom da paz e da concórdia": foram as palavras com as quais Bento XVI rezou ontem,
no Angelus dominical, pela situação no Iraque, ressaltando a convivência que naquela
terra, há 14 séculos, une os cristãos aos muçulmanos.
A oração do Santo Padre
repropõe o tema do diálogo com o Islamismo, sobre o qual tanto se tem falado ultimamente.
A esse propósito, a Rádio Vaticano ouviu o presidente do Pontifício Conselho para
o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Paul Pourpad:
CARDEAL POUPARD:- "Hoje
em dia, em todos os lugares, o encontro entre as culturas e as religiões não é apenas
tema de discussão acadêmica ou teológica, mas sim um fato cotidiano. As dificuldades
atuais mostraram a necessidade de buscar as causas subjacentes de todos os problemas,
e isso requer não somente grande respeito pelos outros e conhecimento dos outros,
mas em primeiro lugar o dever da formação."
Para promover o diálogo, segundo
o Cardeal Poupard, é preciso "ter uma preocupação fundamental, a de fazer conhecer
a si mesmo como é, e não como por vezes os estereótipos da mídia mostram. Isso é muito
importante, mas, como todos os fatos de cultura, requer um esforço incomum ao qual
somos todos chamados."
As maiores dificuldades que encontramos no diálogo inter-religioso,
no parecer do cardeal, são: "Não ser prisioneiro de estereótipos e se encontrar na
verdade _ essa é a primeira dificuldade, eu diria que é uma dificuldade de conhecimento.
Depois, a segunda dificuldade é a que experimentamos em todos estes dias, é que a
projeção das coisas mediante a mídia, e certamente não ajuda."
"Não se pode
fazer diálogo inter-religioso prescindindo das culturas e isso quer dizer uma atenção
renovada à dimensão encarnada das religiões" _ acrescentou o Cardeal Paul Poupard.
"Porque as religiões não dialogam, quem dialoga são as mulheres e os homens que têm,
cada um, seu credo encarnado e vivido, para alguns de modo milenar. A nossa tarefa
será a de intensificar esses encontros com expoentes das grandes áreas em que vivem
pacificamente, entre os fiéis, as religiões nas próprias culturas." (RL)