ARGENTINA JULGARÁ UM PADRE SUPOSTO TORTURADOR DA DITADURA
Buenos Aires, 30 set (RV) - Pela primeira vez na história da Argentina, um
sacerdote católico será levado a julgamento, por sua presumível participação em graves
violações dos direitos humanos, durante a ditadura militar (1976-1983).
Trata-se
do Pe. Christian Von Wernich, acusado de ter participado ativamente nas torturas de
prisioneiros políticos, em 19 assassinatos e 33 seqüestros, incluindo o de filhos
de desaparecidos. O julgamento terá início, segundo fontes extrajudiciais, em dezembro
próximo.
Pe. Von Wernich, ex-capelão da polícia em Buenos Aires, agia sob as
ordens do ex-delegado-geral, Miguel Etchecolatz, que há 11 dias foi condenado à prisão
perpétua, por assassinatos e torturas. Ambos eram subordinados ao general Ramón Camps,
que pregava uma "limpeza étnica de subversivos".
Jacobo Timmerman, empresário
argentino já falecido, teria sido vítima de Pe. Von Wernich. Segundo a acusação, o
sacerdote o torturava com especial sadismo, pelo fato de ele ser judeu. "Era um canalha"
_ disse Timmerman.
Outro preso que teve contato com o sacerdote foi Luis Velasco,
que disse que o padre "ria dos torturados com choques elétricos".
A Igreja
Católica na Argentina tem sido duramente criticada por sua presumível colaboração
ativa com a ditadura. Segundo os acusadores, sacerdotes e bispos assistiam a sessões
de tortura e pediam aos prisioneiros que se confessassem para "salvar suas almas".
(MZ)