Nas Nações Unidas, reafirmada a vontada da Igreja Católica em dialogar com o mundo
islâmico
O antigo Secretário do Vaticano para as relações com os Estados, Arcebispo Giovanni
Lajolo, reafirmou perante a Assembleia Geral da ONU a vontade da Igreja Católica em
dialogar com o mundo islâmico. D. Lajolo, actual governador do Estado da Cidade do
Vaticano, citou a intervenção de Bento XVI na audiência geral de 20 de Setembro, em
que o Papa explicou o alcance da sua lição na Universidade de Regensburg, durante
a visita pastoral à Baviera. O representante católico explicou que se tratava de rejeitar
a violência em nome da religião “no contexto de uma visão crítica de uma sociedade
que tenta excluir Deus da vida pública".“Cabe a todas as partes interessadas - a sociedade
civil bem como os Estados - promoverem a liberdade religiosa e uma sã tolerância social,
que irá desarmar os extremistas mesmo antes que eles possam corromper os outros com
o seu ódio pela vida e a liberdade”, apontou o Arcebispo italiano.Segundo este responsável,
“a motivação religiosa para a violência, qualquer que seja a sua fonte, deve ser rejeitada
firme e claramente”, mas os responsáveis políticos não podem minimizar o contributo
da visão religiosa do mundo e da humanidade.O direito à liberdade religiosa, de pensamento
e de expressão foram outros pontos abordados. Para D. Lajolo, o respeito por estes
direitos é fundamental “para a realização de cada pessoa, para o respeito pelas culturas
e para o progresso da ciência”.Lembrando que o mundo está “divido por cultura, fé,
riqueza e níveis de progresso material”, o representante católico condenou as acções
dos grupos terroristas e a actual corrida ao armamento nuclear, manifestando a sua
preocupação com o facto deste material poder vir a ser utilizado em cenários de guerra.À
ONU, a Santa Sé deixou estímulos para que cumpra a sua missão, em especial no campo
da defesa dos Direitos Humanos e da manutenção da paz, mas lamentou a demora do Conselho
de Segurança da ONU no recente conflito entre Israel e o Hezbollah, no Líbano.Para
a Santa Sé, a melhor maneira de prevenir a guerra é atacar as suas causas: “as injustiças
sofridas, a falta de progresso, democracia, direitos humanos e do papel da lei”. A
fome, a pobreza e o fenómeno crescente das migrações exigem, por isso, uma resposta
da comunidade internacional.