2006-09-26 19:05:06

BENTO XVI A EMBAIXADORES DE PAÍSES ISLÂMICOS: DIÁLOGO COM ISLÃ É NECESSIDADE VITAL PARA O FUTURO DO MUNDO


Castel Gandolfo, 25 set (RV) - O diálogo entre cristãos e muçulmanos é uma necessidade vital para o futuro do mundo: trabalhemos juntos pela paz, no respeito à identidade e à liberdade de cada um. Foi o que disse o Papa, em síntese, a seus hóspedes, ao receber, esta manhã, em Castel Gandolfo, os embaixadores dos países de maioria muçulmana acreditados junto à Santa Sé, e alguns expoentes das comunidades muçulmanas na Itália.

Um encontro voltado a "consolidar os laços de amizade e de solidariedade" entre a Santa Sé e o mundo islâmico, após as reações suscitadas por uma incorreta interpretação do discurso de Bento XVI na Universidade de Regensburg.

A audiência, transmitida ao vivo também pela TV árabe do Catar, "Al Jazeera", contou com a presença de 22 diplomatas e cerca de 20 expoentes de comunidades muçulmanas na Itália. Encontrava-se presente também o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Paul Poupard.

O Papa saudou cordialmente, um por um, os diplomatas e os representantes muçulmanos. O encontro transcorreu numa atmosfera serena e amistosa, com muitos sorrisos e apertos de mão.

Na esteira do Concílio Vaticano II, Bento XVI reiterou "toda a estima e o profundo respeito" que nutre em relação aos fiéis muçulmanos "que adoram o Deus Único".

"Desde o início de meu pontificado _ disse o Santo Padre _ fiz votos de que se continuem consolidando os pontos de amizade com os fiéis de todas as religiões, com um apreço particular pelo crescimento do diálogo entre muçulmanos e cristãos."

Recordando as palavras proferidas no encontro com os representantes islâmicos em Colônia, Alemanha, em agosto de 2005, Bento XVI ressaltou que "o diálogo inter-religioso e intercultural entre cristãos e muçulmanos não pode reduzir-se a uma escolha do momento". "Trata-se, efetivamente, de uma necessidade vital, da qual depende em grande parte o nosso futuro" _ ressaltou.

"Num mundo marcado pelo relativismo e que muitas vezes exclui a transcendência da universalidade da razão _ acrescentou _ precisamos absolutamente, de um diálogo autêntico entre as religiões e as culturas", para construir juntos, um "mundo de paz e de fraternidade" e, nesse âmbito _ observou _ "os nossos contemporâneos esperam de nós, um testemunho eloqüente, capaz de indicar a todos, o valor da dimensão religiosa da existência".

Bento XVI se posicionou em continuidade com a obra iniciada por João Paulo II, fazendo calorosos votos de que "as relações inspiradas na confiança, que se instauraram há diversos anos, entre cristãos e muçulmanos, não somente prossigam, mas se desenvolvam num espírito de diálogo sincero e respeitoso". Um diálogo "fundado num conhecimento recíproco, sempre mais autêntico, que, com alegria, reconheça os valores religiosos comuns e, com lealdade, assuma as diferenças e as respeite".

O Papa afirmou a necessidade de que, "fiéis aos ensinamentos de suas respectivas tradições religiosas, cristãos e muçulmanos aprendam juntos, como já acontece em diversas experiências comuns, para evitar toda forma de intolerância e opor-se a todas as manifestações de violência".

A esse propósito _ ressaltou _ é "imperioso" que as autoridades religiosas e os responsáveis políticos encorajem os fiéis a agirem desse modo.

Reconhecendo que ao longo dos séculos "surgiram não poucos dissensos e inimizades entre cristãos e muçulmanos", Bento XVI recordou que o Concílio Vaticano II exorta "todos a esquecerem o passado e a exercitarem, sinceramente, a mútua compreensão, bem como a defenderem e promoverem juntos, para todos os homens, a justiça social, os valores morais, a paz e a liberdade" (Nostra aetate, n.3).

O Pontífice convidou "a se buscar novamente, o caminho da reconciliação… no respeito pela identidade e liberdade de cada um", e citou João Paulo II que, em seu "memorável discurso" aos jovens, em Casablanca, Marrocos, em 1985, afirmou que "o respeito e o diálogo requerem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, mais particularmente, à liberdade religiosa. Elas favorecem a paz e o entendimento entre os povos".

"Estou profundamente convencido _ afirmou ainda o Papa _ de que, na situação em que se encontra o mundo de hoje", na medida em que "crescem as ameaças contra o homem e contra a paz", é "um imperativo para os cristãos e os muçulmanos, se empenharem a afrontar juntos, os numerosos desafios" da atualidade, "especialmente no que concerne à defesa e à promoção da dignidade do ser humano e dos direitos que dela derivam", reafirmando "a centralidade da pessoa e trabalhando sem cessar, a fim de que a vida humana seja sempre respeitada".

Por fim, Bento XVI endereçou "cordiais felicitações" aos muçulmanos, que começaram a celebrar, no último sábado, o Ramadã, fazendo votos "de coração, que Deus misericordioso conduza os nossos passos nos caminhos de uma recíproca e cada vez mais verdadeira compreensão".

"Que o Deus da paz _ concluiu o Papa, dirigindo-se aos representantes islâmicos _ derrame abundantemente suas bênçãos sobre os senhores e sobre as comunidades que representam!" (RL)







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