2006-09-23 18:50:38

BISPOS ANGOLANOS PREOCUPADOS COM DIFUSÃO DE BRUXARIAS


Luanda, 22 set (RV) - O Episcopado angolano está lançando um alarme para o crescente clima de violência e de difusão da bruxaria entre a população no país.

Durante o XIV Encontro Nacional da Comissão da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) para a Justiça, a Paz e as Migrações, realizado na semana passada, em Luanda, evidenciou-se também, a preocupação dos bispos com o aumento da violência de caráter político, em diversas partes do país.

Segundo alguns responsáveis por comissões diocesanas, esse clima deriva da atitude de algumas forças políticas que, em vista das eleições gerais do próximo ano, "vêm acentuando a pressão política e psicológica sobre os cidadãos". Contribuem para o aumento dessa tensão, alguns episódios não esclarecidos, como a morte de várias pessoas acusadas de bruxaria em algumas províncias do país, como Malange.

Nessa região, há alguns meses, foram assassinados o catequista de Pungo Adongo e outras pessoas.

O tema da difusão de crenças ligadas à bruxaria foi também discutido no documento final do encontro dos missionários italianos em Angola, promovido pela Conferência Episcopal Italiana e pela CEAST, em junho passado, em Luanda. "A feitiçaria (bruxaria), de conseqüências freqüentemente dramáticas, parece uma tendência que afeta cada vez mais os angolanos" _ diz o documento final do encontro.

De acordo com os responsáveis pela Comissão "Justiça, Paz e Migrações", outro motivo de preocupação está na violência ligada a questões agrárias, com a expropriação das terras dos camponeses, por parte de quem detém o poder político. Tudo isso gera nas populações das áreas rurais, "um forte sentimento de abandono e isolamento" _ considera a Comissão.

O encontro também foi ocasião para discutir o tema das crescentes violações dos direitos humanos, o aumento da violência nos núcleos urbanos, o excessivo recurso à prisão preventiva e a falta de acesso à informação por parte da maioria da população.

27 anos de guerra civil, terminada em 2002, deixaram em Angola um milhão e meio de mortos e quatro milhões de desabrigados. Apesar de suas riquezas naturais, as condições de vida no país são dramáticas: o panorama de destruição é enorme, há milhões de minas terrestres espalhadas por seu território, e milhares de refugiados internos e combatentes que ainda não retornaram às suas áreas de proveniência.

A população total de Angola gira em torno de 12 milhões de habitantes. (CM)







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