Antes da recitação do Angelus Bento XVI manifestou-se desolado pelas reacções a um
seu discurso em Regensburg, e convidou ao diálogo franco e sincero. Disse que a viagem
á Alemanha foi uma forte experiência espiritual, e salientou que a Cruz é simbolo
do Amor que vence o ódio e a violência.
A viagem apostólica á Baviera efectuada nos dias passados foi uma forte experiência
espiritual na qual se entrelaçaram recordações pessoais, ligadas a lugares muito familiares
e a perspectivas pastorais para um anuncio eficaz do Evangelho no nosso tempo. Foi
assim que Bento XVI interrompendo várias vexes devido á chuva torrencial que caia
sobre os fiéis congregados no pátio do Palácio Apostólico de Castelgandolfo, iniciou
o seu discurso antes da recitação do Angelus deste Domingo. Agradeço a Deus -
acrescentou – pelas consolações que me permitiu viver e ao mesmo tempo, estou reconhecido
a todos aqueles que trabalharam activamente pelo bom sucesso desta minha visita pastoral.
Dela o Papa disse que falará mais difusamente na audiência geral da próxima quarta
feira. Bento XVI quis depois precisar ulteriormente o sentido do seu discurso
em Reggensburg manifestando-se profundamente desolado pelas reacções desencadeadas
no mundo islâmico por uma breve passagem considerada ofensiva para a sensibilidade
dos crentes muçulmanos. O Papa disse que o trecho não corresponde ao seu pensamento
sobre o Islão..Era uma citação de um texto medieval que não exprime de maneira nenhuma
o seu pensamento pessoal. Espero que isto possa placar os espíritos e esclarecer
o verdadeiro significado do meu discurso em Regensburg que na sua totalidade era e
é um convite ao diálogo franco e sincero no respeito recíproco, acrescentou depois
o Papa recordando que o Cardeal Bertone, Secretário de Estado, publicou ontem uma
declaração que explica o significado das suas palavras. Antes da recitação da
oração mariana do Angelus, Bento XVI quis deter-se sobre duas recentes festividades
litúrgicas : a Exaltação da Santa Cruz e N. Senhora das Dores. Os cristãos – disse
– não exaltam uma cruz qualquer mas aquela Cruz que Jesus santificou com o seu sacrifício,
fruto e testemunho de imenso amor. Cristo sobre a Cruz derramou inteiramente o seu
sangue para libertar a humanidade da escravidão do pecado e da morte. Portanto, de
sinal de maldição, a Cruz foi transformada em sinal de bênção, de símbolo de morte
em símbolo por excelência do Amor que vence o ódio e a violência e gera a vida imortal.
A concluir o Papa pediu que renovemos o nosso sim a Deus que escolheu o caminho da
Cruz para nos salvar. Trata-se de um grande mistério que prossegue até ao fim do
mundo e que pede também a nossa colaboração.