2006-09-16 18:55:53

DECLARAÇOES DO PAPA SOBRE O ISLAMISMO PROVOCA REAÇOES NO MUNDO MUÇULMANO


Cidade do Vaticano, 15 set (RV) - As declarações de Bento XVI durante sua recente viagem à Alemanha, nas quais relacionou o Islã com a violência, continuam provocando ira no mundo muçulmano.

Nesta sexta-feira, o Parlamento paquistanês adotou uma resolução na qual solicita ao Papa que retire seus comentários a respeito do Islã, enquanto a chancelaria do mesmo país denunciava "o pouco conhecimento" do Sumo Pontífice em relação à religião muçulmana.

"Os comentários pejorativos do Papa sobre a filosofia da "Jihad" (a guerra santa) e o profeta Maomé feriram os sentimentos do mundo muçulmano e mostram o perigo de se fortalecer o ódio entre as religiões" _ afirma a resolução adotada por unanimidade, pela Assembléia Nacional paquistanesa.

"A assembléia pede ao Papa que retire suas declarações, em prol da harmonia entre as religiões" _ acrescenta o texto dos políticos paquistaneses.

O Ministério das Relações Exteriores paquistanês classificou os comentários do Papa como "lamentáveis" e denunciou sua "ignorância" a respeito do Islã.

Na Índia, país laico com 80% de hinduístas entre seus habitantes e 13% de muçulmanos, a comissão nacional para as minorias classificou as palavras do Pontífice, nesta sexta-feira, como "um retorno às cruzadas da Idade Média". "As palavras utilizadas pelo Papa soam como as de seus antecessores da Idade Média que iniciaram as cruzadas" _ considerou o presidente da comissão, Hamid Ansiri.

Na Turquia, onde o Papa será recebido no final de novembro pelas autoridades políticas e pelo Patriarcado Ortodoxo, o diretor do Departamento para os Assuntos Religiosos sentenciou que não via "interesse algum para o mundo muçulmano na visita de uma pessoa com tais convicções sobre o Islã e seu profeta".

Hakem al-Mutairi, secretário-geral do partido islâmico do Kuwait Umma (Nação Islâmica), pediu a todos os países muçulmanos que chamem seus embaixadores junto à Santa Sé "enquanto o Papa não pedir desculpas por seu erro sobre o profeta e o Islã".

O mais destacado clérigo islâmico do Líbano criticou hoje, as recentes declarações de Bento XVI sobre a guerra santa muçulmana, e exigiu que o pontífice se desculpasse pessoalmente por ter insultado o Islã. "Nós não aceitamos os pedidos de desculpas divulgados por assessores do Vaticano e pedimos a ele (o papa) que peça desculpas pessoalmente aos muçulmanos por sua falsa interpretação do Islã", declarou o Grão-aiatolá Mohammed Hussein Fadlallah, num sermão pronunciado durante as tradicionais orações islâmicas de sexta-feira.

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), a mais importante instância que representa o Islã na França, Dalil Bubakeur, conhecido por sua moderação, exigiu na quinta-feira "um esclarecimento" sobre as palavras do Pontífice.

A Organização da Conferência Islâmica (OCI), com sede na Arábia Saudita e que reúne 57 nações, lamentou as palavras do Papa e seus comentários que ofendem os princípios islâmicos: "A OCI espera que essa repentina campanha não reflita uma nova tendência da política do Vaticano em relação à religião islâmica. E espera que o Vaticano expresse sua verdadeira visão sobre o Islã" _ acrescentou a organização, num comunicado. (RO)







All the contents on this site are copyrighted ©.