IGREJA CATÓLICA ALERTA PARA O PERIGO DA EXCESSIVA CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NAS MÃOS
DE ESTRANGEIROS
Buenos Aires, 13 set (RV) - A Igreja Católica na Argentina alertou sobre a
"crescente concentração" de terras em mãos de poucos, e sobre o domínio de estrangeiros,
e defendeu a necessidade de leis que "controlem e limitem" essa tendência, que passa
por cima dos direitos dos povos originários, deteriora o meio ambiente e provoca o
desmatamento.
A denúncia está contida num documento intitulado "Uma terra para
todos", apresentado nesta segunda-feira, na sede da Conferência Episcopal, em Buenos
Aires, pelo titular da Comissão de Pastoral Social, Dom Alcides Jorge Pedro Casaretto,
bispo de San Isidro, e pelos bispos de Orán, Dom Jorge Rubén Lugones, e de Neuquén,
Dom Marcelo Angiolo Melani.
Participou da apresentação do documento, como convidado
especial, o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel.
Em declarações à Rádio
Continental, o bispo de San Carlos de Bariloche, Dom Fernando Carlos Maletti, descreveu
que, nos últimos anos, "de 70 a 75 mil pequenos produtores perderam seu meio de produção
e de vida, por causa da venda das terras ou por não terem tido bons títulos de propriedade".
O
prelado sublinhou que a Igreja "não é contrária a que alguém possa ter muito", mas
pede que "todos possam ter alguma coisa, em função da produção e da qualidade de vida".
Dom
Maletti insistiu, especialmente, "no vazio jurídico a respeito das terras indígenas,
sobre as quais havia uma jurisprudência muito concreta, mas que pouco se aplica".
"A Igreja sempre respeitou a lei e a propriedade privada, mas inserindo-a na destinação
que cabe à terra. A terra é um dom de Deus" _ precisou o prelado. (MZ)