2006-09-12 12:46:15

Desvalorização da familia preocupa a Igreja : nota da Comissão Episcopal da educação cristã, em preparação da semana nacional da educação cristã, em Portugal


A sociedade actual vive com a desvalorização da família institucionalizada e com a equivalência à instituição familiar, de relações afectivas não apoiadas no vínculo do matrimónio, com duração e grau de compromisso variáveis. Estas são questões que podem influenciar a mentalidade das pessoas, incluindo a dos próprios cristãos. Torna-se necessário olhar a realidade e a natureza da família não como resultado de meras circunstâncias sócio-temporais, mas como espaço ideal do acolhimento da vida, do crescimento harmónico, do desenvolvimento integral e da vivência do amor humano como reflexo do amor de Deus pela humanidade.
Será este o contexto da próxima Semana Nacional da Educação Cristã a decorrer nos dias 1 a 8 de Outubro, sob o tema “Família, um bem necessário e insubstituível”. Promovida pela Comissão Episcopal da Educação Cristã, esta Semana Nacional será uma ocasião para que educadores cristãos, especialmente pais e todos quantos a eles se associem, reflectirem sobre a importância da educação e assumirem as responsabilidades próprias da missão que desempenham, num contexto de inicio de ano escolar.
Em Nota Pastoral, a Comissão Episcopal da Educação Cristã refere que o tema escolhido para a Semana Nacional ganha permanente actualidade dada a sua relação com a educação, e segue o repto dirigido por Bento XVI no recente Encontro Mundial das Famílias: “Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimónio como Igreja doméstica e santuário da vida, é uma grande responsabilidade de todos”.
A educação é a base para o desenvolvimento integral da pessoa. Sendo um processo cumulativo conta, primeiro que tudo, com o educando que, no exercício da sua liberdade, faz opções, assume valores e descobre um sentido para a vida. Mas, neste processo educativo, é também indispensável o contributo de diversas pessoas e organismos, e em especial, a família é a instituição educativa primeira e insubstituível. É o núcleo básico e estruturante da sociedade e dela depende a vitalidade e a consistência do tecido social, a saúde e o equilíbrio da pessoa humana.
Na família, são os pais os primeiros responsáveis pela educação dos filhos, tanto no campo meramente humano como no âmbito mais especificamente cristão. A eles se associam outras instâncias que, numa linha de complementaridade e colaboração, contribuem para a educação dos seus filhos.
Esta educação realiza-se de forma natural e espontânea, através da palavra e sobretudo da vivência cristã quotidiana que os pais proporcionam no interior dos seus lares, testemunhando a fé, a esperança e a caridade, e rezando em família, contando também com os avós, que com uma esperança de vida cada vez maior e disponibilidade, são um valioso contributo para a educação, em particular no que respeita ao despertar da fé e à transmissão das tradições religiosas e cristãs.
Como meio subsidiário à família, sobressai, pela sua importância, a escola. A cooperação entre a família e a escola, traduzida numa conjugação de esforços que respeite a especificidade e a autonomia de cada uma, é condição indispensável para o êxito formativo e o sucesso escolar das crianças e dos jovens. Mas é necessário a manutenção do diálogo entre a escola e os pais, com participação nas actividades.
Os professores, particularmente os de Educação Moral e Religiosa Católica e os responsáveis pela gestão escolar, devem assumir especialmente as suas tarefas como serviço ao desenvolvimento e formação dos alunos. Isso implica não uma postura de meros transmissores de conhecimentos, executores de estratégias pedagógicas ou simples técnicos administrativos, mas antes uma atitude de testemunho, que, por palavras e pela prática de vida comunicam uma sabedoria tecida de valores e critérios éticos. Os cristãos encontram na comunhão com Deus a fonte inesgotável dessa sabedoria.
A educação na escola requer, acolhimento e diálogo com as famílias, escuta e resposta às suas necessidades e propostas, e realização de programas de cooperação com as famílias e a comunidade, dando especial atenção às situações de risco, de pobreza e de marginalidade.
É aos pais cristãos que, em primeiro lugar, incumbe a educação dos filhos na fé. São eles que mais podem contribuir pela palavra e pelo testemunho, para que os filhos despertem para a fé e progressivamente a assumam como acto pessoal.
Mas, se a transmissão da fé é um dever de que os pais não podem abdicar nem simplesmente delegar, também é verdade que não o podem nem devem cumprir sozinhos. Necessitam da ajuda da Igreja. Neste sentido, é indispensável articular e alimentar a vivência familiar das crianças e dos jovens com a participação na comunidade cristã e a cooperação com a acção dos catequistas e dos sacerdotes.
É necessário aprofundar o serviço eclesial que os catequistas prestam como testemunhas de Cristo, procurando dar a formação adequada às crianças, aos jovens, aos adultos e às famílias, proporcionando a experiência e a integração na vida da comunidade cristã, sendo que a doutrina deve ser cimentada no testemunho de vida pessoal de intimidade com Deus, alicerçada na oração e na frequência dos sacramentos, designadamente a Eucaristia.
Os párocos devem dar prioridade pastoral a três questões: à catequese em todas as idades, atendendo à necessidade de acolhimento e de respostas adequadas à diversidade de situações, apostando na formação de catequistas; dar especial atenção aos casais jovens, que requerem propostas pastorais específicas e inovadoras; e ao ensino, empenhando-se na sensibilização das crianças, dos jovens e das famílias para a matrícula em Educação Moral e Religiosa Católica, e no diálogo com as escolas e acompanhamento dos professores.








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