TAIZÉ: IRMÃO ROGER, CATÓLICO EM SEGREDO POR 33 ANOS

Roma, 07 set (RV) - Ir. Roger, o fundador da Comunidade Ecumênica de Taizé, na França, manteve em segredo, por 33 anos, o fato de ter abandonado a religião protestante e ter-se convertido ao Catolicismo. Ele não queria destruir a missão de toda uma vida e temia pela reação das Igrejas comprometidas com o projeto de diálogo ecumênico.

A revelar, ou pelo menos confirmar oficialmente, a conversão do religioso suíço foi o bispo emérito de Autun, na França, Dom Raymond Seguy. "Foi ele mesmo a revelar-me pessoalmente" _ declarou publicamente o prelado da Diocese da qual faz parte o vilarejo de Taizé.

No Vaticano, a notícia já circulava há algum tempo, porém sem nenhuma confirmação oficial. A prudência adotada tinha por objetivo não complicar o processo de diálogo com os irmãos separados, processo que o Concílio Vaticano II havia indicado como um dos grandes desafios ao Catolicismo, no terceiro milênio.

Todavia, o sucessor de Ir. Roger Schutz na direção da comunidade, Ir. Alois, definiu como "não corretas" as declarações de Dom Raymond, sobretudo em relação ao uso da palavra "conversão".

Ir. Alois disse que a visita de Ir. Roger a Autun "representou um gesto muito forte, mas que não passou do gesto de receber a comunhão segundo a liturgia católica, sem que ninguém lhe pedisse para se converter".

A conversão _ segundo Ir. Alois _ "implicaria uma renúncia às próprias origens, o que era uma coisa impensável". "Ir. Roger _ acrescentou Ir. Alois _ buscava somente um momento de comunhão com os irmãos católicos."

Ir. Roger Schutz fundou a Comunidade Ecumênica de Taizé em 1940, pregando a paz e o diálogo, numa Europa que se dilacerava na II Guerra Mundial. Era considerado um símbolo do diálogo entre fiéis de diferentes religiões.

Sua possível conversão ao Catolicismo teria ocorrido em 1972 e, imediatamente após sua profissão de fé, ele teria tomado a decisão de manter segredo sobre isso.

Ir. Roger foi assassinado em agosto do ano passado, aos 90 anos de idade, na Igreja da Reconciliação, em Taizé, durante o momento de oração. (JK)