Genebra, 07 set (RV) - Concluiu-se ontem, em Genebra, Suíça, a 15ª reunião
de especialistas internacionais sobre a convenção que proíbe ou restringe o uso de
certas armas convencionais consideradas excessivamente danosas ou dotadas de "efeitos
indiscriminados". Participou do encontro, o observador permanente da Santa Sé
na ONU, em Genebra, Arcebispo Silvano Tomasi.
"Foi um verdadeiro drama humanitário
a última guerra no Líbano, na qual foram utilizadas bombas de fragmentação" _ denunciou
Dom Tomasi. "As imagens e testemunhos que chegaram até nós são alarmantes" _ acrescentou
o arcebispo, referindo-se às estatísticas das Nações Unidas sobre as vítimas libanesas
da ofensiva israelense que "mostram a extensão e a gravidade do problema".
"As
dezenas de vítimas inocentes e os sofrimentos que acompanham milhares de famílias
durante longos anos, são razões suficientes para que se faça alguma coisa" _ advertiu
Dom Tomasi.
"Até o momento, não estamos convencidos de que o uso dessas armas
possa ser legítimo, como defendem alguns. De qualquer forma, todas as armas foram
consideradas legítimas antes de serem proibidas ou regulamentadas. Não foi assim com
as armas químicas, biológicas, incendiárias ou a laser? O fato de uma arma ser declarada
legítima não que dizer que seja mais aceitável ou mais humana" _ argumentou o arcebispo.
"A
Santa Sé _ disse ainda Dom Tomasi _ considera que é necessária uma profunda reflexão
sobre a natureza e a utilização dessas armas. As vítimas dos conflitos passados e
as vítimas potenciais dos conflitos futuros não podem esperar anos de negociações
e de discussões. Por isso, se impõe a necessidade de uma moratória sobre a utilização
dessas armas. Esta convenção deveria discutir a adoção de um instrumento eficaz, capaz
de erradicar os riscos ligados ao uso desses armamentos. O Direito Humanitário Internacional
deveria ser respeitado, se não quisermos que haja um motivo a mais, a perpetuar a
pobreza e o subdesenvolvimento que, num certo número de países, são quase que endêmicos."
(JK)